Seminário no campus de Goiabeiras discute prevenção à violência na Universidade

23/11/2023 - 19:09  •  Atualizado 04/12/2023 12:20
Compartilhe

O último evento do Seminário Violências nas Instituições Educativas foi realizado nesta quinta-feira, 23, no Cine Metrópolis, no campus de Goiabeiras. Organizado pela Comissão de Prevenção à Violência na Ufes, criada pela Reitoria para elaborar ações educativas e formativas que possam contribuir para evitar casos de violência na Universidade, o evento foi aberto pelo reitor Paulo Vargas, que destacou: “a violência no campo institucional, assim como nos demais âmbitos da sociedade, possui a característica de acentuar as vulnerabilidades, e isso nos preocupa”.

Ele lembrou dados da Unesco segundo os quais mulheres, negros, pessoas com deficiência e população LGBTQIA+ são mais vulneráveis no contexto educacional e falou que a Ufes se mantém atenta às particularidades do seu corpo docente, técnico e estudantil para ações que garantam proteção social a todos.

Plano de convivência

A professora Instituto Vera Cruz de São Paulo Flávia Vivaldi (foto) fez a palestra principal do evento e defendeu: “a gente precisa ter política nacional de convivência escolar”. Na sua avaliação, o Projeto Político Pedagógico (PPP) de cada escola deveria incluir um plano de convivência capaz de prevenir situações de violência. “É na [dimensão] política que eu preciso trabalhar a convivência, trabalhar as relações humanas, colocar o plano de convivência nesse lugar”.

Vivaldi fez uma exposição do cenário atual dos casos de violência extrema no Brasil, a partir de informações levantadas pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Unicamp. Os dados mostram que os ataques coletivos por estudantes e ex-estudantes somam 36 no país, sendo que entre 2001, quando a pesquisa começou, e 2021 foram 15 ataques. De 2022 até outubro deste ano foram 21 ataques, o que mostra o agravamento da situação.

“O que a gente vê são diferentes tipos de violência acontecendo e uma omissão por parte da escola na percepção desses problemas e no encaminhamento de soluções. Isso ocorre pela ausência de conhecimento científico sobre essas questões. Os problemas de convivência na escola precisam ser olhados a partir de uma teoria sólida; a escola precisa se reunir e pensar de forma muito responsável e pró-ativa a partir da sua realidade”, destacou.

No que diz respeito às universidades, a professora afirmou que o cenário é diferente, mas a solução também passa pelo conhecimento científico e pelo plano de convivência. “São outros tipos de sofrimento. Uma violência física quase que diminuta, porque isso é mais incidente em outra fase do desenvolvimento anterior à fase adulta, mas as violências morais e psicológicas existem. Então, o ambiente universitário precisa olhar para essa pauta com compromisso e como objeto de conhecimento, abrir espaço para que a convivência, com todos seus vieses e seus problemas, sejam objetos de conhecimento”, pontuou.  

Comissão

A construção de um plano de convivência na Ufes foi uma das propostas discutidas no seminário e que deverá constar do relatório final da Comissão de Prevenção à Violência a ser encaminhado à Administração Central.

A presidente da Comissão, Cláudia Gontijo, falou das atividades desenvolvidas em sete reuniões realizadas de maio a outubro. Entre essas está a pesquisa feita na comunidade universitária, por meio de questionário on-line, visando conhecer melhor os tipos de ocorrências consideradas violentas no âmbito da Ufes, a fim de facilitar a construção de um conjunto de proposições a serem apresentadas à Reitoria.

Os seminários para apresentar as atividades da Comissão e debater propostas para prevenção à violência na Ufes foram realizados também no campus da Universidade em São Mateus, no dia 13 de novembro, e no campus de Alegre, na última terça-feira, dia 21.

Além de Gontijo, compõem a comissão a professora do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN) Brunela Vincenzi; o diretor de Segurança e Logística, Diego Alves; o diretor de Infraestrutura Setorial Sul, Erivelton Souza; a diretora do Colégio de Aplicação Criarte, Maria José Soprani; a professora do Centro de Educação (CE) Patrícia Rufino; a superintendente de Comunicação, Ruth Reis; a professora e vice-diretora do Ceunes, Vivian Cornelio, e o professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) George Corona.

 

Texto: Sueli de Freitas
Foto: Ruth Reis
Edição: Thereza Marinho