Universidade Federal do Espírito Santo
O projeto de pesquisa Prevenção da obesidade infantil na atenção primária em saúde: um ensaio comunitário na Região Metropolitana da Grande Vitória (Prevoi), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Ufes, entra em sua segunda fase de coleta de dados. O Prevoi, que será realizado em quatro etapas, é desenvolvido com famílias que possuem crianças de sete a dez anos de idade, cadastradas nas Unidades de Saúde da Família (USFs) dos municípios de Vitória, Serra, Vila Velha e Cariacica. Nessa nova fase, o objetivo é avaliar o impacto do programa de intervenção para a redução da obesidade infantil.
Na primeira fase, realizada a partir de julho do ano passado, foram inseridas no projeto 450 famílias cadastradas em 26 unidades de saúde dos quatro municípios da Região Metropolitana. Após a primeira avaliação, foram sorteadas 13 USFs para participarem de ações de promoção de alimentação saudável e de prática de atividade física. Na etapa atual, será iniciada a participação de uma nova rodada de exames clínicos e físicos, e entrevistas sobre alimentação e prática de atividade física.
Nesta fase, as famílias participam de novas rodadas de exames clínicos, com avaliações físicas e antropométricas. A principal estratégia de intervenção do projeto é voltada a ações de educação alimentar e nutricional, bem como a atividades físicas. Para isso, o projeto propõe diferentes atuações, como a prática do exercício físico duas vezes por semana, orientada por um profissional, além de rodas de conversa com nutricionistas e oficinas sobre culinária, alimentos ultraprocessados e horta domiciliar.
Participação
A coordenadora do projeto, Maria del Carmen Molina, professora dos programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) e em Nutrição e Saúde (PPGNS) do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Ufes, observa que a adesão das famílias nas ações de intervenção ainda é pequena. Um dos principais motivos, segundo ela, são as dificuldades que as famílias enfrentam para levar as crianças, regularmente, até as unidades de saúde para que participem das ações. “A participação na segunda fase da coleta é fundamental para que possamos avaliar o impacto das ações nos últimos meses”, destaca.
A dona de casa Maria Sônia dos Santos, de 58 anos, avó da Isabela, de 9, participa com a neta desde o início do projeto, por meio da Unidade de Saúde de Santo Antônio, em Vitória. “Acho importante participar. Minha neta faz exercícios com um professor e está integrada às oficinas que ajudam a melhorar a alimentação e a equilibrar o peso”, declara.
De acordo com a nutricionista da Prefeitura de Cariacica, participante do projeto, Vanessa Pereira, o Prevoi apresenta uma metodologia inovadora para os profissionais da atenção básica. “Esta inovação proporciona um olhar integral para a família, por meio de oficinas e espaços de troca e interação entre a equipe de saúde e a família”, assinala. “Trabalhamos com diferentes fatores do processo de adoecimento, levando em consideração as demandas identificadas pelas famílias, e incentivando a autonomia das escolhas em busca do autocuidado”, completa.
Segundo a nutricionista, é possível observar que, para as famílias que participam do projeto, existe a consciência de que estão sendo vistas e reconhecidas pelos pesquisadores e pelas equipes de referência, e que elas podem usufruir de ações e serviços aos quais nunca tiveram acesso.
A educadora física Renata Lugão, vinculada ao Programa de Orientação ao Exercício Físico da Prefeitura da Serra e atuante no Prevoi, afirma que, por meio do projeto, as famílias estão voltando às unidades de saúde para a reavaliação médica. “O que demonstra a credibilidade do projeto para as comunidades, e isso é fundamental nas intervenções”, ressalta.
De acordo com Molina, o impacto da obesidade é uma crescente e desafiadora demanda do sistema de saúde. “Daí a importância da prevenção no contexto da atenção primária”, argumenta.
Texto: Superintendência de Comunicação da Ufes
