Projeto oferece apoio psicológico para pessoas enlutadas. Inscrições abertas

10/02/2023 - 09:41  •  Atualizado 14/02/2023 16:04
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O Projeto Acolhedor está recebendo inscrições de pessoas maiores de 17 anos, que precisam de ajuda para lidar com o processo de perda e luto. Os interessados podem se inscrever pelo e-mail acolhedor.ufes@gmail.com, pelo perfil do projeto no Instagram (@acolhedor.projeto), ou por mensagem de texto no Whatsapp enviada para o número (27) 99716-1948.

As inscrições ficarão abertas em fluxo contínuo e os atendimentos, individuais ou em grupo, serão retomados a partir de abril, por estudantes do curso de Psicologia sob a supervisão da professora responsável pelo projeto de extensão, Luciana Bicalho. Os encontros grupais ou atendimentos individuais são semanais e duram 12 semanas, podendo se estender em caso de necessidade. 

Segundo a coordenadora, os grupos têm, em média, de oito a 12 participantes e, em geral, são temáticos, dividindo-se, por exemplo, em grupo de luto perinatal ou gestacional; grupo de viúvas; grupo de órfãos, grupo de perda por covid etc. Já o número de vagas oferecidas varia a cada período letivo em função do número de estudantes participantes. “Porém é certo que todas as pessoas selecionadas serão chamadas para participar de algum grupo, ainda que tenham que esperar um pouco”, explica Bicalho. 

A seleção das pessoas que receberão atendimento é feita com base no relato feito pelos candidatos no formulário de inscrição, contando sua história de luto. “A partir da leitura e discussão em supervisão desse relato e de outras informações, identificamos se a pessoa efetivamente tem demanda que possa ser atendida pelo projeto e de que modalidade de atendimento ela poderá se beneficiar – se grupo de apoio ou atendimento psicológico individual. O atendimento poderá ser on-line ou presencial, no Núcleo de Psicologia Aplicada, conforme opção do candidato”, explica a coordenadora, acrescentando que, para alguns inscritos, poderá haver acolhimento anterior ao ingresso no projeto, a fim de compreender melhor a condição da pessoa.

Saúde mental

O Projeto Acolhedor teve início em 2021. Entre as demandas atendidas naquele momento, estavam a de profissionais de saúde que conviviam com elevado número de mortes nos locais de trabalho, devido à pandemia de covid-19, e a de pessoas que haviam perdido parentes ou amigos sem tê-los acompanhado no processo de hospitalização e sem poder realizar os rituais tradicionais de despedida. Desde então, a iniciativa tem continuado com atendimentos semestrais, somando, a cada ano, cerca de 100 pessoas acompanhadas em seus processos de luto.

Para Luciana Bicalho, a oferta desses grupos de apoio é importante, por possibilitar o acesso ao cuidado em saúde mental a pessoas que se sentem sobrecarregadas pela experiência do luto. “Estudos indicam que receber assistência com foco no luto pode ampliar a capacidade de enfrentamento dessas pessoas enlutadas, diminuindo a possibilidade de vivência de um luto complicado, especialmente quando na presença de fatores de risco como morte violenta, traumática, repentina, perdas múltiplas ou prematuras, entre outros”, explica.

No entanto, a professora enfatiza que nem toda pessoa enlutada necessita de suporte de profissionais ou serviços de saúde mental. “Temos condições de enfrentamento às situações estressoras, difíceis, especialmente se contamos com rede de apoio social coesa e eficiente. Entretanto, algumas pessoas enlutadas podem se sentir sobrecarregadas pela experiência de perder alguém, ora porque já apresentam condições de sofrimento anterior à perda, como depressão, ora porque as condições e contexto em que a morte ocorreu potencializam as dificuldades em lidar com o processo, ora pela dependência demasiada de quem morreu, entre outras situações”, conclui.

 

Texto: Nábila Corrêa
Edição: Thereza Marinho