Universidade Federal do Espírito Santo
No dia 5 de abril, o projeto de extensão Trajetórias de Vida e Aprendizagem com e na Deficiência promoverá um evento on-line, a partir das 18 horas, aberto a pessoas com deficiência (PCDs), familiares, professoras e professores da educação básica ou superior, estudantes e demais interessados no assunto. Este será o primeiro de uma série de encontros que terão o objetivo de contribuir para as questões referentes à acessibilidade.
As inscrições podem ser feitas até o dia 4 de abril por meio de formulário on-line. O encontro será realizado pelo Google Meet e o link será enviado aos inscritos por e-mail ou por Whatsapp.
Segundo a professora do Departamento de Línguas e Letras e coordenadora do projeto, Luciana Ferrari, este primeiro encontro, assim como os demais que ocorrerão duas vezes por mês, oferecerá um espaço para conhecer os modos de ser e viver das pessoas com deficiência a partir dos relatos delas próprias. Ela acredita que, com base nesse conhecimento, será possível contribuir para a acessibilidade pedagógica nas instituições de ensino básico e superior.
Neste evento do dia 5 será feita a apresentação do projeto e uma abordagem sobre o conceito de deficiência que o fundamenta. Após isso, os/as participantes serão convidados a compartilhar suas experiências e retornar nos encontros seguintes. "Desta forma, poderemos formar um grupo de pessoas que pensa ativamente e continuamente sobre as questões da deficiência para que, juntos, possamos propor ações que contribuam para as diversas acessibilidades em nossa sociedade", explica Luciana Ferrari.
A coordenadora explica que a motivação para realizar estudos nessa área e conhecer a vivência de pessoas com deficiência teve início em sua experiência com a filha de 12 anos, que tem paralisia cerebral. "Muito se fala sobre inclusão, mas sentia falta de um espaço de acolhimento e conversa com as PCDs e não apenas sobre elas”.
Espaço de escuta
Ferrari ressalta a importância de oferecer esse espaço de escuta atenta às pessoas com deficiência, para que seja possível construir reflexões ao lado delas. "Precisamos, antes de qualquer coisa, entender que o conceito de deficiência é uma construção e, portanto, pode ser desconstruído. Um caminho importante para isso é ouvir as pessoas com deficiência, entender seus modos de ser e viver no mundo e refletir sobre conceitos e mitos atrelados à deficiência", explica.
Ela aponta a preconcepção que a sociedade tem das pessoas com deficiência como incapazes como um dos desafios a se superar. "É importante naturalizar a deficiência para que consigamos tirá-la da ideia de anormalidade, de estranhamento, de aberração, ideias que contribuem para o tratamento capacitista e desigual recebido pelas pessoas com deficiência em nossa sociedade. É preciso também desnaturalizar o conceito de capacidade e desconstruir a ideia de que as pessoas sem deficiência são capazes e eficientes o tempo todo, compreendendo que, mesmo um corpo entendido como forte e perfeito, também tem suas limitações", conclui.
Perguntas sobre o projeto e o evento podem ser feitas pelo e-mail trajetoriaspcd@gmail.com.
Texto: Nábila Corrêa
Edição: Thereza Marinho
