Evento de acolhida tem orientações para os estudantes e apresentação cultural 

28/03/2023 - 15:12  •  Atualizado 29/03/2023 10:31
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Os estudantes ingressantes no semestre 2023/1 receberam as boas-vindas do reitor da Ufes, Paulo Vargas, e das demais autoridades da Universidade na noite de segunda-feira, 27, no Teatro Universitário, no campus de Goiabeiras. "O que vocês viverão aqui marcará a vida de vocês", disse o reitor. "Além de terem acesso ao conhecimento científico e tecnológico, terão a oportunidade de adquirir valores fundamentais ao pleno exercício da cidadania. Somos uma universidade porque temos uma diversidade de estudantes e de pensamentos que são transformados e alimentados neste fluxo de pessoas que chegam na nossa instituição", afirmou. 

Os novos estudantes receberam dos gestores orientações gerais a respeito das atividades de ensino, pesquisa e extensão da Universidade. Além do reitor, estiveram presentes o vice-reitor, Roney Pignaton; o secretário de Cultura, Rogério Borges; a superintendente de Comunicação, Ruth Reis; o ex-reitor da Ufes, Reinaldo Centoducatte; e os pró-reitores de Graduação, Cláudia Gontijo; de Pesquisa e Pós-Graduação, Anilton Garcia (em exercício); de Extensão, Renato Neto; de Assuntos Estudantis e Cidadania, Gustavo Forde; e de Gestão de Pessoas, Josiana Binda.

A pró-reitora de Graduação, Cláudia Gontijo, deixou palavras de agradecimento e incentivo aos ingressantes. "Espero que todos vocês estejam aqui, como hoje, nas futuras sessões de colação de grau. Não deixem de buscar ajuda se precisarem. Temos muitas dúvidas quando entramos num universo tão grande quanto a Ufes", disse. 

O evento de acolhida também contou com show de André Prando, cantor e ex-aluno da Ufes (foto principal), e com a aula inaugural Violência nas Universidades e permanência estudantil, ministrada por Daniel Cara, professor da Universidade de São Paulo (USP). Na entrada do Teatro, a Edufes realizou uma ação para divulgar as obras disponíveis no seu catálogo, na qual os estudantes recebiam um QR code para baixar gratuitamente livros digitais da editora.

A programação para os ingressantes segue nesta terça, 28, em Goiabeiras, Maruípe e São Mateus. No campus de Alegre, os eventos têm início no dia 3 de abril.

Violência

Na aula inaugural do semestre 2023/1, o professor Daniel Cara (USP) apresentou uma série de dados e gráficos relativos à violência em instituições de ensino nos Estados Unidos e no Brasil. Para ele, o aumento dos ataques violentos a escolas e universidades no Brasil, como o ocorrido na segunda-feira, 27, em São Paulo, são reflexo da atuação de movimentos de extrema-direita, como neonazistas, principalmente sobre os jovens.

"No mundo todo, esse procedimento está relacionado ao extremismo de direita, que está relacionado ao neonazismo. Devemos ter de três a quatro mil células neonazistas no Brasil, sendo que dois mil são operantes. Elas estão em todos os estados da federação", explicou. De acordo com Cara, desde 2000, à exceção do caso desta segunda em São Paulo, o Brasil sofreu 16 ataques em instituições de ensino: quatro desses aconteceram no segundo semestre do ano passado, quando a tensão política escalou. "Não é uma observação de caráter político. É observar empiricamente, em termos de evidência, o que está acontecendo. É falar sobre verdade".

Segundo o professor, uma dificuldade posta no combate a movimentos supremacistas é o não reconhecimento, por parte de autoridades públicas brasileiras, de que o Brasil convive com milhares de células nazistas. "Parece que o nazismo é algo distante, que está localizado em alguns países na Europa. Temos que tomar consciência de que isso é um problema global. De janeiro a dezembro, vimos milhares de pessoas no Brasil fazendo saudações nazistas", lembrou o professor.

Além de apresentar estatísticas sobre os ataques violentos, Daniel Cara traçou o perfil das pessoas que cometem os atentados: majoritariamente adolescentes brancos, que têm suas frustrações mobilizadas por grupos de recrutamento, sobretudo em ambientes on-line. Suas vítimas preferenciais são mulheres, negros e a comunidade LGBTQIA+. Segundo o professor, também não é coincidência que as instituições de ensino sejam visadas por esses grupos.

"A escola e a universidade são o espaço de socialização desses jovens, então os ataques são uma vingança contra aquele espaço. Ao mesmo tempo, a escola é um local que a sociedade reconhece como protegido, então atacá-lo gera um impacto muito mais forte", explicou.

 

 

Texto: Leandro Reis
Fotos: Ana Oggioni
Edição: Camila Fregona