Cenário da comunicação pública no Espírito Santo é tema de painel na Biblioteca Central

20/10/2023 - 17:36  •  Atualizado 23/10/2023 12:19
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O cenário da comunicação pública foi foco de um debate realizado no auditório da Biblioteca Central da Ufes nesta sexta-feira, 20. Parte da Jornada Integrada de Extensão e Cultura, da Semana do Conhecimento 2023, o Painel Ufes de Cultura: A expansão da comunicação pública no Espírito Santo reuniu a superintendente de Comunicação da Universidade, Ruth Reis; o gerente executivo de Rádios da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Thiago Regotto; o diretor-presidente da Rádio e Televisão Espírito Santo (RTV/ES), Igor Pontini; e o secretário de Cultura da Ufes, Rogério Borges, que mediou a conversa.

Figura atuante na difusão da arte produzida na Ufes e no Espírito Santo, Borges mostrou otimismo com o momento da comunicação pública no estado. Segundo ele, a partir das emissoras universitárias e públicas, como a TV Ufes, a Rádio Universitária e a TVE Espírito Santo, artistas capixabas têm encontrado espaço para divulgar seus trabalhos.

“Estamos buscando ampliar essa integração por entender que a cultura produzida nas universidades brasileiras, bem como os saberes tradicionais e os artistas independentes, precisam desse apoio da comunicação pública”, disse.

Ruth Reis destacou a assinatura dos acordos de cooperação entre a EBC, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e 31 universidades – entre elas, a Ufes – para a implantação de uma emissora de TV aberta e uma nova emissora de rádio FM da Ufes, realizada no último dia 17 no Palácio do Planalto, em Brasília. O projeto será desenvolvido ao longo de 2024.

“A expansão da rede de comunicação pública é uma previsão da Constituição de 1988. Hoje temos um governo federal com outra perspectiva, que busca a parceria das universidades de uma maneira mais consistente. Existe a possibilidade de termos um ambiente de comunicação mais qualificado, com uma diversidade maior de vozes. A comunicação pública é voltada para o interesse público, não para o faturamento. O modelo que temos hoje é extremamente concentrado em grandes emissoras, principalmente as televisões”, disse Reis.

Apesar da conquista, a superintendente de Comunicação da Ufes pontuou a necessidade de maior financiamento das emissoras públicas, que sofrem com falta de infraestrutura e de pessoal. “Ainda temos em vigor um decreto que proíbe contratações de profissionais das áreas de cultura e comunicação, exceto produtor cultural. Estamos fazendo um movimento nos ministérios para suspender os efeitos desses decretos de 2019 e 2020”, afirmou.

Novos projetos

Diretor-presidente da RTV/ES, que reúne a TVE Espírito Santo e a Rádio Espírito Santo, Igor Pontini apresentou o projeto das novas emissoras, que serão sediadas no Centro Cultural Carmélia, em Vitória. Até 2025, o projeto prevê ações como interiorização do sinal da TV, modernização do sistema de produção e transmissão, e novos programas. Para isso, a proposta é mudar a modalidade jurídica da RTV/ES, que hoje é uma autarquia, para fundação pública de direito privado, o que permitiria novas formas de financiamento.

“Rádio e televisão são atividades econômicas. Nossa função social é diferente das empresas privadas, mas o setor em que estamos e o modelo de contratação são os mesmos. Então, estamos com essa carta branca de pensar uma estrutura que consideramos ideal”, disse Pontini.

Para ele, um grande diferencial das emissoras públicas é a possibilidade de compartilhar conteúdos de diferentes estados e, assim, fortalecer o sistema como um todo. “A troca de conteúdo é uma estratégia fundamental para a comunicação pública. Colocar nossos músicos em rede nacional pode significar muito para o artista”, disse.

Gerente executivo de Rádios da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Thiago Regotto destacou o momento de reconstrução da EBC, com projetos de veiculação das programações das rádios MEC e Nacional de Brasília, inclusive para outros países. “Para levar um pouco do Brasil para o exterior”, disse. Segundo Regotto, o novo cenário permite à comunicação pública se tornar, finalmente, uma realidade no Brasil.

“Temos múltiplos desafios, mas também temos um cenário em que se pode olhar para o futuro. A estrutura da EBC existe, só precisa ser ampliada. Vejo muitas coisas sendo realizadas pelas rádios no Espírito Santo que podemos fazer juntos”, afirmou. “A comunicação pública já foi um sonho. Hoje é um desenho e, com a ajuda de todos, pode ser uma realidade”.

Na foto acima, Igor Pontini, Ruth Reis, Thiago Regotto e Rogério Borges.

 


Texto e fotos: Leandro Reis
Edição: Thereza Marinho