Projeto realiza intercâmbio de obras de estudantes da Ufes com universidade fluminense

28/03/2023 - 10:46  •  Atualizado 30/03/2023 16:22
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Estudantes do curso de Artes Visuais da Ufes expõem suas obras na Galeria Leuna Guimarães dos Santos, no campus da Universidade Federal Fluminense (UFF), a partir desta terça-feira, 28. A iniciativa faz parte do projeto de extensão Percursos, coordenado pelos professores Italo Alves, do Departamento de Arte da UFF, e Carlos Eduardo Borges, chefe do Departamento de Artes Visuais da Ufes. A ideia do projeto é promover um intercâmbio entre os artistas das universidades: terminada a exposição na UFF, será a vez dos estudantes da universidade fluminense mostrarem suas obras na Galeria de Arte e Pesquisa da Ufes (GAP), no campus de Goiabeiras, em mostra prevista para julho. 

As produções capixabas compõem a exposição Raízes Emergentes, que esteve em cartaz na GAP durante os meses de outubro e novembro de 2022. Constituída por 22 obras de 15 artistas da Ufes, a mostra fica aberta à visitação na UFF até o dia 30 de abril.

"É importante para um estudante em formação ter a oportunidade de mostrar o trabalho para um público maior, ser visto por outros professores, críticos e artistas", afirma o professor Carlos Eduardo Borges, que pretende estender Percursos para outras universidades. "A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) já se interessou e queremos levar o projeto para outros estados também. Pretendemos que seja a primeira edição de muitas", adianta.

Além do intercâmbio das obras, faz parte do projeto o processo de montagem dos trabalhos nas galerias, realizado pelos estudantes da universidade parceira. "O artista vai ter a experiência de montar o trabalho de alguém que ele não conhece, a partir de algumas instruções. Isso facilita o desenvolvimento dele, porque quando for pensar no seu próprio trabalho, já terá uma ideia de como é a montagem e a curadoria de uma exposição. Poderá viver de perto esse processo de adequação a cada espaço", explica Borges.

Raízes Emergentes

Segundo Isabela Frade, professora do curso de Artes Visuais e coordenadora da GAP, Raízes Emergentes nasceu como exposição coletiva a partir dos anseios dos próprios estudantes. "Fizemos encontros, discussões, num processo intenso de aprendizagem", lembra a professora. A proposta era que os estudantes conseguissem elaborar um conceito que compreendesse vários trabalhos com diferentes vieses. "O grupo trouxe esse conceito de raízes culturais e a relação com o que é local e com o mundo, com a crise cultural, tecnológica e ambiental que vivemos", afirma ela.

A exposição foi a primeira experiência da estudante Lara Carvalho como expositora em uma galeria. Sua obra (foto) é composta por uma série de desenhos que retratam a corpulência, feitos com caneta branca e papel kraft. Carvalho conta que a ideia da obra nasceu da convivência com sua irmã mais nova. "A representatividade desse biotipo na arte é um importante elemento de identificação e empoderamento", afirma.

A artista lembra do contato com o público visitante da mostra, no ano passado, como uma "experiência maravilhosa". Segundo ela, a intenção de propor uma nova visão sobre os corpos retratados foi concretizada quando percebeu a movimentação em torno de sua obra na galeria. "Muitos grupos, compostos principalmente por mulheres, pararam para fotografar, olhar e conversar sobre os trabalhos. Meu desejo de continuar essa pesquisa cresceu", afirma.

Autora da série fotográfica Piraquê-açu, que retrata povos indígenas, a estudante Ana Follador classifica o processo de aprendizado de Raízes Emergentes como "extremamente importante" para sua trajetória. "Não só na minha formação acadêmica, mas também no entendimento de curadoria e relação espacial das minhas obras com o espaço da galeria e, mais ainda, no contato direto com o público", afirma.

 

Texto: Leandro Reis
Edição: Camila Fregona