Projeto Janela Audiovisual exibe animações sobre as vivências infantis durante a pandemia

12/03/2021 - 11:51  •  Atualizado 12/03/2021 20:46
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O projeto de extensão Janela Audiovisual exibirá nesta sexta-feira, 12, às 19 horas, o Paisagens Audiovisuais, um projeto realizado durante o ano de 2020 no qual foram produzidas três animações experimentais, sendo uma delas no formato de videoclipe. O tema central é a vivência infantil na pandemia dentro de diferentes faixas etárias, tendo cada uma um personagem diferente.

A exibição será no canal no Janela Ufes no YouTube e, após as apresentações, haverá um debate sobre os assuntos retratados.

O Paisagens Audiovisuais gerou um artigo que será apresentado no Congresso Internacional de Avanca (Portugal). Ele foi escrito pela professora e coordenadora do Janela, Patrícia D’Abreu, e pelo professor substituto Arthur Fiel, ambos do Departamento de Comunicação (DepCom).

“Definimos que falaríamos com crianças plurais, a partir dos diversos segmentos da infância, porque não tem como fazer um conteúdo infantil que comunique bem com absolutamente todas as crianças, é preciso entender e respeitar a diversidade inerente à própria ideia de infância e as subjetivas vivências infantis. Decidimos, então, falar com as crianças sobre uma de suas necessidades básicas, que é a própria comunicação. Nossas personagens, a Duda, a Anahy e o MC Cuida, têm idades diferentes porque se comunicam com crianças de faixas etárias distintas. Uma fala x, outra y e o outro z, pois a maturidade e o entendimento de mundo vai mudando de acordo com suas experiências”, disse Fiel.

Personagens

Os personagens foram construídos de acordo com as infâncias fora das telas e através delas. Em Distanciamento e Afetividade, o primeiro videoclipe a ser produzido, apresenta-se Duda, uma criança sem gênero definido em seu primeiro aniversário numa pandemia. A escolha de ser sem gênero definido parte da necessidade de não colocar dentro de uma caixa o que é essencialmente infantil, o afeto e a vontade de ser apenas uma criança. A segunda história é de Anahy, uma indígena de 10 anos que representa a fase intermediária em Alimentação e Imunidade. Ela é uma blogueira conectada com as câmeras, que fala sobre o saber ancestral acerca da contribuição da alimentação para nosso sistema imunológico e o cuidado com a natureza.

O terceiro e último videoclipe, Rap da Quarentena, conta sobre Zeca, apelidado de MC Cuida, um menino de 12 anos já consciente das dificuldades as quais irá enfrentar por ser um garoto negro. “Relemos os noticiários dos últimos meses, principalmente da tragédia do genocídio do povo negro na pandemia. Além de serem afetados pelo vírus da COVID-19, estão também expostos ao vírus da violência, em especial, da violência policial. Nesse contexto, ele representa o menino negro que já é visto como agente de risco aos olhos do Estado. Esse vídeo carrega, justamente, esse tom de denúncia”, conta Fiel.

A canção, escrita por Fiel, foi interpretada pela voz de Dyone Cipriano. O som da música foi realizado pelo Grupo de Experimentação Sonora da Ufes, coordenado pelo professor do Departamento de Música Marcus Neves, a partir de rascunho já feito por Ramon Mariano, integrante do Janela.

Produção

A produção de todos os desenhos animados foi feita em conjunto entre os estudantes integrantes do projeto, professores parceiros e funcionários do Laboratório de Vídeo do DepCom da Ufes. Eles utilizaram um software livre para a construção das animações. As artes visuais ainda contaram com a participação de dois estudantes voluntários, um da Ufes e outro da Universidade Federal da Bahia, e a produção recebeu o auxílio de uma estudante de pós-graduação em Química, Ariel Velten. Ela ingressou com a vontade de tentar algo diferente da área. O grupo relatou que a elaboração foi um trabalho de discussão, opiniões, discordâncias, mas de modo afinado e respeitoso que levou à evolução das animações. 

Sobre fazer esse trabalho em meio a uma crise pandêmica mundial, Patrícia D’Abreu diz que sentiu não existir um lugar mais propício como a universidade pública para, justamente em um momento de crise, lançar mão da criatividade. "É nela que se pode parar e pensar em formas de sobreviver à crise. No nosso caso, estamos construindo olhares sobre um momento dramático. O que seria do isolamento sem o audiovisual? Precisamos acreditar que vamos sair dessa crise e que podemos construir outro mundo".

O grupo ainda teve a intenção de criar e construir nas crianças o imaginário de elas serem suas próprias heroínas, colocando-as como os líderes de suas narrativas que criam redes de apoio, denúncia e afetividade. 

Inscrições 

O projeto de extensão Janela Audiovisual é um núcleo de produção de audiovisual no qual estudantes do Centro de Artes têm a oportunidade de colocar em prática o que aprendem em sala de aula ao produzirem roteiros para programas, documentários, microsséries, curtas-metragens, entre outras produções artísticas. 

Informações sobre o processo seletivo deste ano para o ingresso no Janela serão veiculadas durante a exibição das animações. Os formulários estarão disponíveis no site do Centro de Artes (CAr).

 

Texto: Mikaella Mozer (bolsista de projeto de Comunicação)
Edição: Thereza Marinho