Museu de Ciências da Vida recebe corpo de leão para ser plastinado

27/03/2023 - 16:27  •  Atualizado 28/03/2023 17:06
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Na última sexta-feira, dia 24, o Zoo Park da Montanha, único zoológico do estado (localizado em Marechal Floriano), confirmou em suas redes sociais a morte do leão Sansão, após cerca de 10 anos sob seus cuidados. Na manhã desta segunda-feira, 27, o corpo do animal foi entregue ao Museu de Ciências da Vida (MCV), onde será estudado, plastinado e posteriormente colocado em exposição, visando a difusão e a popularização do animal, além de manter viva a memória de Sansão, que trouxe tantas alegrias às pessoas que o visitavam no Zoo Park.

A ligação entre o zoológico e a Ufes foi realizada por meio do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), que recomendou ao Zoo Park da Montanha a doação do corpo do animal para a Universidade. Segundo o coordenador do MCV, Athelson Bittencourt, o corpo de Sansão encontra-se em excelente estado para ser plastinado, processo que deve durar em torno de dois anos.

Plastinação

A plastinação é um método de preservação de espécimes biológicos que visa deixá-los o mais próximo de sua aparência em vida. Trata-se de uma técnica de conservação de corpos e tecidos biológicos por meio da qual os fluidos de um cadáver são substituídos por silicone ou resina.

De acordo com Bittencourt, os procedimentos adotados em animais são os mesmos utilizados para seres humanos: em um primeiro momento, é feita a fixação para estabilização dos tecidos, ocasião em que o corpo fica mergulhado em formol. Em seguida, ele passa pelos processos de desidratação com banhos de acetona, seguido da impregnação por silicone, epóxi ou poliéster. A última etapa, chamada de cura, consiste na utilização de uma substância para endurecer a peça.

Professor do Departamento de Morfologia, Bittencourt explica que esta técnica evita que sejam usados conservantes tóxicos e de odor desagradável para a preservação do espécime, além de elevar a durabilidade das peças, característica útil para as atividades de pesquisa, ensino e expositivas (nas áreas de Anatomia, Biologia e correlatas). 

Corpos de animais já foram inteiramente plastinados na Alemanha e na China. Bittencourt ressalta que o Laboratório de Plastinação do MCV é, até o momento, o primeiro e único local em que se utiliza a técnica para animais no Brasil. Com os trabalhos da equipe da Ufes, Sansão será o primeiro leão plastinado das Américas.

“Já plastinamos vários animais de pequeno e médio portes. Animais de grande porte – como onça, anta, veado e agora o leão – já se encontram no Laboratório de Plastinação da Ufes e estão prestes a ser feitos, dependendo apenas da captação de recursos financeiros para isso”, explica o coordenador.

Majestade Sansão

Sansão chegou ao Zoo Park da Montanha com cerca de oito ou dez anos e por lá viveu mais 11 anos, quando morreu em decorrência de problemas cardíacos devido à idade, considerada avançada para animais da espécie. Ele havia sido apreendido em um circo em Minas Gerais, de onde chegou apresentando sinais de maus tratos.

Em nota de pesar publicada no Instagram do zoológico, a equipe do Zoo Park da Montanha fala do vazio que Sansão deixou no espaço: “No nosso coração ficou a saudade enorme e a certeza que, enquanto Sansão esteve conosco, fizemos todo o possível para lhe proporcionar uma vida boa e muito feliz! Sansão, você será para sempre o nosso rei e sua memória será eterna!”.

 

Texto: Adriana Damasceno
Fotos: Renee Souza / Reprodução redes sociais
Edição: Camila Fregona