Estudantes da Ufes são destaque em premiações internacionais

26/10/2020 - 17:02  •  Atualizado 01/11/2022 09:17
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Com uma formação que alinha o ensino, a pesquisa e a extensão, os estudantes da Ufes vivenciam um aprendizado que vai além da sala de aula, ampliando seus horizontes e possibilidades. O resultado dessas experiências é o destaque conquistado pelos universitários em projetos e prêmios nacionais e internacionais.

A websérie Memórias Veleiras, fruto do projeto de extensão Núcleo de Produção Audiovisual Janela Universitária, acaba de ser indicada ao Rio Webfest, um dos mais importantes festivais de webséries do mundo, que acontece de 11 a 14 de novembro, reunindo produções digitais de diversos países. A trama é a única representante do Espírito Santo no festival e concorre com outras nove obras na categoria Incentivo à Produção Digital Brasileira.

Memórias Veleiras é a primeira websérie produzida e finalizada pelo projeto Janela Universitária, vinculado ao Departamento de Comunicação Social da Ufes. Foi gravada em 2018, com a participação de estudantes de Cinema e Audiovisual, Jornalismo, Artes Plásticas, Publicidade e Propaganda, e Música, além de artistas capixabas na equipe técnica e no elenco.

A websérie é um drama/suspense que traz a questão política do país como pano de fundo, tratando também de feminismo, machismo, violência doméstica, discriminação do deficiente e abandono do idoso. A história gira em torno de Flavinha, uma adolescente de 15 anos que está em busca do passado de sua família, em especial sua tia avó Helena, desaparecida durante o período da ditadura militar, em 1964. “Toda a temática foi abordada de forma sensível e com muita pesquisa”, lembra o estudante de Cinema e Audiovisual Lesley Sabaini, que produziu e dirigiu os três episódios que compõem a série, totalizando 33 minutos de vídeo.

Para Sabaini, que também roteirizou os episódios ao lado da estudante de Jornalismo Sintia Mara Ott, a indicação para concorrer no festival internacional é importante por dar visibilidade às temáticas do projeto, que envolvem comunidades interna e externa na iniciação da linguagem prática do audiovisual. “A seleção deu visibilidade também à cultura do estado e às ações extensionistas da Universidade. Foi muito importante não só para mim, mas para todos os estudantes da Ufes e atores capixabas que participaram do projeto, contando com o apoio do Janela”, analisa o diretor.

O professor José Magalhães Filho, criador do Janela Universitária, reitera que os festivais funcionam como vitrines para os estudantes: “Para eles, é essencial, é o reconhecimento que eles precisam. Esse festival é inédito para nós, que, normalmente, ficamos restritos às seleções estaduais, embora a gente já tenha tido casos de produções que foram para festivais de Tiradentes e Ouro Preto. Mas, tão abrangente como esse, é a primeira vez”.

Ilustração

A estudante do curso de Design da Ufes Amanda Lobos também acaba de ter seu trabalho reconhecido em concursos internacionais. Em meados de outubro, a estudante do quarto período foi selecionada para enviar suas ilustrações a campanhas de duas grandes marcas norte-americanas.

Lançado em 14 de outubro, o projeto Support Black Creatives (Apoie Criadores Negros), da fabricante de sacolas reutilizáveis Baggu em parceria com a organização Where are the Black Designers (WATB), buscava quatro criadores negros de qualquer lugar do mundo para desenvolver artes que estampariam as ecobags promocionais, cujo lucro seria integralmente revertido para o Instituto WATB.

Amanda foi uma das quatro ilustradoras selecionadas, única representante do Brasil. Para essa campanha, criou a arte de três onças, representando a Aliança Antirracista (movimento negro, perigo amarelo e resistência indígena), simbolizando que as lutas devem estar interligadas.

Na chamada pública Adobe CoCreate: Max 2020 Conference, promovida de 20 a 22 de outubro pela multinacional desenvolvedora de softwares para projetos criativos, a estudante inscreveu seu portfólio na categoria ilustração e, duas semanas depois, recebeu a notícia que passaria a fazer parte do time de ilustradores do evento, que conta, além da capixaba, somente com outra artista do Brasil, que vive nos Estados Unidos.

Para a campanha, Amanda Lobos criou duas peças: uma arte protagonizada pela figura do lobo guará (foto), que faz críticas aos recentes incêndios florestais que assolam o Pantanal, um dos ecossistemas habitados pela espécie; e outra em homenagem à cultura brasileira, com referências à decoração de caminhão, bumba meu boi, procissão marítima de São Pedro, xilogravura de cordel e folclores adaptados ao estilo da artista. 

“É incrível pensar que os próprios criadores dos programas que usei a vida toda para desenvolver minhas artes tenham me selecionado para fazer arte para eles, sabendo o enorme respeito e popularidade que essa empresa tem no campo. Além de ser uma honra, é incrível e pesado sentir que estou representando o Brasil criativamente em um congresso desse porte, normalmente com pouco espaço para artistas negras e não estadunidenses”, analisa Amanda Lobos.

 

Texto: Adriana Damasceno
Edição: Camila Fregona