Com entrada gratuita, mostra no Cine Metrópolis celebra cultura dos povos originários

30/03/2023 - 09:14  •  Atualizado 10/04/2023 21:31
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As culturas dos povos originários estarão em foco nas próximas duas semanas no Cine Metrópolis, no campus de Goiabeiras. A partir desta quinta-feira, 30, estreia no cinema a mostra audiovisual Constelações Indígenas, uma seleção de filmes acerca das vivências e tradições dos povos indígenas. Todas as sessões têm entrada gratuita.

Realizada em parceria com o Cineclube Aldeia e com apoio do Centro Técnico Audiovisual (CTAv), a mostra celebra o Abril Indígena, trazendo para debater com o público alguns realizadores como Maynõ Guarani, Tiago Tupinikim e Wellington Tupinikim, além de pesquisadores de cinema, antropologia e educação.

A programação abrange documentários, ficções e vídeos-manifestos, dispostos em curtas, médias e longas-metragens. Entre os destaques, estão filmes inéditos no Espírito Santo, como A Flecha e a Farda, de Miguel Antunes Ramos, e o premiado documentário A Invenção do Outro, de Bruno Jorge, que retrata a expedição humanitária do indigenista Bruno Pereira em 2019, à procura da etnia isolada Korubus, na Amazônia. Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram assassinados em junho de 2022, durante uma viagem pelo Vale do Javari.

Também têm lugar produções consagradas de Paula Gaitán (Uaká), Andrea Tonacci (Serras da Desordem e Conversas no Maranhão) e Vincent Carelli (Corumbiara, Martírio e Adeus, Capitão), além de filmes realizados por diretores e diretoras das etnias Maxakali, Yanomami, Tupinambá, entre outras. A curadoria é da equipe de programação do Cine Metrópolis, composta por Vitor Graize, Gabriela Busato, Giovanna Mont'mor e Júlio Cesar Meireles.

"Demos prioridade às produções de indígenas, buscando destacar suas próprias vozes e perspectivas sempre que possível", explica Giovanna Mont'mor. "Além disso, foram identificados temas comuns entre as produções, como a relação com a Terra, as tradições e rituais, a transmissão oral e a interação entre membros das comunidades de diferentes gerações".

Consciência coletiva

Segundo a curadora, o conceito de "constelações" norteou o processo de seleção dos filmes, de modo a destacar a importância da consciência coletiva para os povos originários. Ela cita Ailton Krenak, líder indígena, ativista e escritor que na obra A vida não é útil aponta que a humanidade não caminha sozinha pelo mundo, mas em "constelação". "Os filmes refletem o lugar histórico e as etnias que os produziram ou que foram filmadas, a fim de representar de maneira autêntica e respeitosa as diversas etnias presentes na mostra", afirma.

A mostra era um "desejo antigo" da equipe do Metrópolis, mas começou a ser planejada no início de fevereiro, dias depois do Ministério da Saúde declarar emergência de saúde pública após constatar a crise sanitária em território Yanomami, motivada pelo descaso do governo passado e da ação do garimpo ilegal. Para Mont'mor, a situação trouxe "mais senso de urgência" para a mostra. 

"O cinema tem se mostrado um aliado na luta dos povos indígenas, e essa mostra é uma forma de contribuir para essa luta, valorizando e fazendo circular as suas produções", afirma.

Confira a programação e as sinopses dos filmes da mostra Constelações Indígenas na página do Cine Metrópolis.

 

 

Texto: Leandro Reis
Edição: Camila Fregona