Universidade Federal do Espírito Santo
O público interno e externo à Ufes terá duas atrações culturais disponíveis na Biblioteca Central da Ufes, no campus de Goiabeiras, até o dia 29 de agosto. A partir do dia 17 de julho, o andar térreo do prédio receberá as pinturas da exposição Nova Pasta, dos artistas Maria Clara Rampinelli e João Gabriel Meneguelli. Enquanto isso, os usuários do espaço já podem visitar a exposição Zapateo de Negritos, que ocupa o primeiro andar com dez fotografias de expressões culturais afrodescendentes da costa centro-sul do Peru.
Reunindo 12 quadros, Nova Pasta pretende discutir os impactos da era digital dentro do espaço essencialmente analógico de uma biblioteca. Diante de um cenário marcado pelo avanço tecnológico, sobretudo com o surgimento e a crescente utilização das inteligências artificiais generativas de imagem, a exposição estabelece um diálogo com o fazer artístico manual e tradicional, segundo os artistas.
“As obras dialogam com as pessoas que frequentam um espaço de busca analógica por informações impressas na celulose das milhares de páginas ali presentes. Isso acontece em um momento em que o conhecimento humano se transforma, cada vez mais e com maior velocidade, em dados digitais”, explica Maria Clara Rampinelli.
O objetivo da exposição, segundo João Gabriel Meneguelli, é provocar reflexões sobre “o que fazemos e como habitamos este mundo digital e/ou físico”. Para o artista, o espectador deve se perguntar a respeito das mudanças na absorção de informações e de conhecimento de forma remota, especialmente após o isolamento causado pela pandemia de covid-19. “A biblioteca serve como metáfora para nós mesmos, nossas habitações e relações”, afirma Meneguelli.
Fotografias
Com foco nos tradicionais grupos conhecidos como Atajos de Negritos, Zapateo de Negritos reúne fotografias dos pesquisadores Jane Seviriano, egressa da Ufes e doutora pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e Anibal Cotrina, professor do departamento de Computação e Eletrônica da Ufes.
As fotos foram realizadas durante o trabalho de campo da pesquisa de doutorado de Seviriano, durante os anos de 2019 e 2020, quando a pesquisadora morou no distrito de El Carmem, na região centro-sul do Peru. Nesse período, Seviriano acompanhou as festas dos Atajos de Negritos, grupos de sapateadores que realizam danças e cantos diante da imagem do Menino Jesus, durante o ciclo natalino e a celebração da Baixada de Reis.
Para a pesquisadora, algumas características dos Atajos de Negritos se assemelham à Folia de Reis, manifestação cultural e festiva que acontece no norte do Espírito Santo. “Desde o ponto de vista estético e performático, jornadas pela cidade durante o período natalino e de Baixada de Reis, visitas a casas de devotos ou o uso de roupas com enfeites coloridos”, explica ela.
A exposição, segundo Seviriano, além de propiciar um debate sobre a influência da religião católica nas culturas peruana e brasileira, reflexo das colonizações espanhola e portuguesa, destaca a “resistência das populações negras e indígenas a partir das criatividades e da beleza das manifestações culturais no Atlântico e no Pacífico”.
Ambas as exposições ficam abertas ao público de segunda a sexta-feira, das 7 às 21 horas.
