Ufes vai sediar laboratório de pesquisa sobre violência contra a mulher

13/03/2017 - 12:01  •  Atualizado 14/03/2017 16:16
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O Espírito Santo ganhará um laboratório de pesquisa sobre violência contra a mulher. A informação foi dada durante fórum sobre o tema realizado na última sexta-feira, 10, na Assembleia Legislativa (Ales). A iniciativa surge de um trabalho conjunto entre a Frente Parlamentar em Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar e a Ufes, em parceria com órgãos do Estado e municípios.

A proposta de criação do laboratório foi apresentada durante o 11º Fórum de Políticas Públicas para a Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar pela professora da Ufes e membro da Comissão Permanente de Direitos Humanos da universidade, Brunela Vincenzi. 

Segundo a proposta, o laboratório terá sede na Ufes e a participação dos professores e pesquisadores, com apoio de diversas entidades governamentais, como as Secretarias de Estado de Direitos Humanos (por meio da Subsecretaria da Mulher e da Gerência de Política de Promoção da Igualdade Racial), de Segurança Pública e de Saúde, além Conselhos Municipais da Mulher, Polícia Civil, e da própria frente parlamentar. 

A iniciativa foi aprovada pelos presentes, entre eles representantes de organizações do movimento social, do Governo Federal, do Estado, Justiça e Ministério Público. A deputada Luzia Toledo (PMDB), presidente da frente e proponente do fórum, aproveitou a oportunidade para repercutir pesquisa recentemente divulgada pela imprensa sobre a violência contra o sexo feminino. O estudo revela que, entre as mulheres vítimas de violência no Brasil, a maioria é composta por negras. 

A vice-reitora da Ufes Ethel Maciel disse que a base de todo o combate à violência é a educação. Ela defendeu a ampliação das cotas para mulheres negras, mulheres trans e outros segmentos para o ingresso na Ufes. Recorrendo à informações da Organização das Nações Unidas (ONU), Ethel reafirmou que não há nada mais violento que a miséria absoluta.

Ranking

Cláudia Garcia, do Núcleo de Enfrentamento da Violência contra a Mulher (Nevid) do Ministério Público Estadual (MPE-ES), destacou o trabalho do núcleo, que estimula a formulação de políticas públicas voltadas para o combate à violência contra a mulher. Ela lembrou que no ranking do feminicídio, entre as 100 cidades brasileiras, 11 estão no ES. O Estado ocupa ainda o quarto lugar no País no mapa da violência de gênero. 

Entretanto, houve algum progresso. O desembargador Fernando Zardini citou diversas iniciativas que têm sido colocadas em prática, como o Ônibus Rosa, o botão do pânico e o plantão policial. Ele ressalta que o Poder Judiciário é um parceiro para encontrar alternativas e soluções no combate a essa violência. “É preciso entender as causas da violência e combatê-las”, disse. 

O secretário de Estado dos Direitos Humanos e professor de Direito da Ufes, Júlio César Pompeu, lembrou que até recentemente o Estado figurava entre os mais violentos. Ele atribui à união da sociedade civil com o Estado na ação para conseguir resultados positivos concretos. Mas não é motivo para comemorar, pois a violência contra elas ainda é muito grande, afirmou o secretário.

Mulheres negras

A professora da Ufes Marlene Martins Oliveira apresentou o trabalho cultural com a comunidade quilombola de São Pedro, de Ibiraçu. Em apresentação de vídeo, a professora descreveu a organização das mulheres e de toda a comunidade, tanto no aspecto religioso, cultural, na organização do trabalho, moradia e saneamento básico. Marlene Oliveira ressaltou que naquela comunidade não há violência contra a mulher.

Priscila Gama, presidente do Instituto das Pretas, destacou a luta pelo empoderamento da mulher. Para ela, empoderar não é apenas dar poder, é ter liberdade e autonomia. Segundo ela, é preciso empoderar o meio social, pois uma mulher negra, dona de casa, com filhos, que apanha do marido não poderá ser empoderada, por mais consciência que tenha. Ela enfatizou que o povo negro do Brasil não é descendente de escravos, mas sim de um povo livre que foi escravizado.

Entre outros convidados, o fórum contou com a presença do deputado estadual Jamir Malini (PP), Josemar Moreira, do Ministério Público Estadual; Iracy Baltar, prefeita de Montanha; além de representantes de municípios e câmaras de vereadores.

 

Texto: Aldo Aldesco/Web Ales
Foto: Tati Beling/Web Ales
Edição: Thereza Marinho