Volta às aulas: pesquisas da Ufes apresentam propostas para a educação infantil

07/02/2020 - 13:22  •  Atualizado 11/02/2020 11:32
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Na maioria das escolas, as aulas recomeçaram neste início de fevereiro. Para os professores, o começo do ano é, também, tempo de planejar as atividades que serão trabalhadas. Diversas pesquisas realizadas pela Ufes no campo da Educação podem contribuir com esse planejamento, tratando de questões como a inclusão de crianças com deficiência e a importância das brincadeiras de lutinha.

Dois grupos de pesquisa do Centro de Educação da Ufes analisam a educação especial no Brasil: o Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação Especial (Neesp) e o Grupo de Pesquisa em Infância, Cultura, Inclusão e Subjetividade (Grupicis, com foco na interface entre educação especial e educação infantil), fundados em 1996 e 2010, respectivamente, ambos coordenados pela professora Sonia Lopes. No Grupicis, os pesquisadores discutem a superação do modelo clínico nos processos educacionais, as inovações de práticas médicas, a estimulação precoce na educação especial (para potencializar o desenvolvimento neuropsicomotor) e a necessidade de expansão do atendimento educacional especializado a crianças de 0 a 3 anos, uma faixa etária ainda pouco atendida.

A professora reforça a necessidade de se valorizar a inclusão e as práticas pedagógicas no ambiente escolar, em vez de focar em práticas clínicas. “Quando o modelo se volta para a questão biológica, o aluno é responsabilizado pela não aprendizagem. Mas quando a sociedade compreende que tem um papel de inserção social a ser cumprido, será dada uma rota de condição de vida completamente diferente a esse sujeito”, explica. Para ela, o ingresso da criança na educação infantil desde cedo é imprescindível para reconhecer as demandas e particularidades do aluno com necessidades especiais. “As políticas públicas têm de favorecer o atendimento das demandas desde a educação infantil”, defende.

Clique aqui para saber mais sobre essa pesquisa e conhecer um caso de inclusão na educação infantil realizado em Vitória.

Brincadeiras de lutinha

Outro estudo, realizado pela pesquisadora Raquel Firmino durante seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação Física na Ufes, tratou da importância das brincadeiras de lutinha e de se trabalhar a agressividade com os estudantes durante a educação infantil.

“Quando brincam, as crianças constroem, por meio de sua cultura de pares, diferentes modos de jogar e de brincar, que nem sempre são compreendidos por um observador externo, mas que conferem a elas coesão e sentido. Por meio do jogo e da brincadeira, a criança cria pontes entre a fantasia e a realidade, interage e se constitui socialmente”, explica a pesquisadora.

Após constatar, em seu mestrado, que o componente da ludicidade, da luta e da agressividade se faziam presentes na maioria das brincadeiras observadas e registradas com as crianças, Raquel aprofundou esses estudos e construiu a tese sobre o que definiu como hibridismo brincante. “O hibridismo brincante é compreendido por entrecruzamentos de ações e de aspectos simbólicos que podem surgir da junção de comportamentos distintos durante o jogo. Nesse estudo, o que ficou evidenciado nas brincadeiras infantis foi a articulação entre três rubricas: da ludicidade, da agressividade e do nonsense”, detalha.

Clique aqui para saber mais sobre essa pesquisa e sobre a importância de brincadeiras de “lutinha” e da imaginação de histórias com super-heróis, monstros, armas e batalhas, inclusive no ambiente escolar.

As duas pesquisas foram divulgadas na 10ª edição da Revista Universidade, disponível em https://blog.ufes.br/revistauniversidade/2019/09/09/folhear-a-edicao-10-setembro-2019/.

 

Texto: Lidia Neves, com a colaboração da jornalista Camila Fregona e da estudante de comunicação Laís Santana.
Foto: Lidia Neves
Edição: Thereza Marinho