Projeto Solares leva informação sobre energia solar para a sociedade

02/09/2021 - 11:22  •  Atualizado 03/09/2021 15:29
Compartilhe

Atualmente composto por estudantes voluntários de cursos de Engenharias, Comunicação Social, Arquitetura e Urbanismo, Oceanografia e Economia, o projeto de extensão Solares atua com o objetivo de tornar a energia solar mais acessível à sociedade e popularizar novas formas de utilização dessa fonte de energia limpa. Sob coordenação do professor Fransergio Cunha, do Departamento de Engenharia Mecânica, a ação foi uma das 26 finalistas do Prêmio de Mérito Extensionista Maria Filina, evento organizado anualmente pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex), e é o tema desta quinta-feira da série de reportagens sobre programas e projetos extensionistas, publicada semanalmente no portal da Ufes (veja todas as matérias no final do texto).

Com 13 anos de história, a ação de extensão teve três fases, e a atual estrutura, formada em 2015, conta com mais de 60 membros. Segundo um dos diretores gerais do projeto, o estudante de Engenharia Mecânica Daniel Azeredo, a intenção da equipe é que o Solares seja agente de transformação ambiental e social, além de se tornar referência nesse campo de atuação no Brasil. Para tanto, os estudos e trabalhos executados buscam explorar aplicações para a energia solar, “promovendo o desenvolvimento sustentável por meio de projetos de qualidade acadêmica e impacto social, com o uso da radiação do sol como fonte de energia térmica para aquecimento de ambientes e fluidos, e a conversão direta em energia elétrica, a partir do efeito fotovoltaico”.

O coordenador Fransergio Cunha avalia que vivemos um momento em que a matriz energética brasileira é totalmente dependente das condições climáticas. Ele lembra que o país segue sob bandeira vermelha nas contas energéticas devido aos níveis baixos dos reservatórios das usinas, causados pelo período de seca atual. “Com este cenário, fontes de energia mais caras e mais poluentes, como as usinas termoelétricas, são acionadas. Neste contexto, o projeto Solares traz ao público uma perspectiva no uso de outra opção, uma fonte de energia sustentável e limpa (tanto térmica quanto elétrica): a energia solar”, destaca.

Solar Térmica

O Solares atua em cinco áreas. A Solar Térmica procura utilizar as tecnologias relacionadas à energia solar para melhorar a eficiência de sistemas ou equipamentos e diminuir custos de operação de placas solares térmicas. Essa área, cuja gerência fica a cargo do estudante de Engenharia Mecânica Kelvin Costa, foi a responsável por realizar e entregar aos responsáveis pelo Restaurante Universitário do campus de Goiabeiras um projeto de viabilidade para instalação de aquecedores solares para um pré-aquecimento da água, com o objetivo de substituir a queima de gases.

“Agora, estamos estudando um mecanismo que visa aumentar o rendimento da placa solar através de um seguidor passivo movido pela dinâmica dos fluidos, sem gasto de energia elétrica. Este seguidor solar vai alinhar a placa, deixando-a perpendicular à radiação solar, posição de maior eficiência para a captação da energia fotovoltaica”, explica Costa.

Off Grid

O estudante de Engenharia Elétrica Nathan Gomes é o gerente da área Off Grid, que busca estimular o uso da energia solar sem que ela esteja conectada à rede elétrica, numa tentativa de melhorar a compreensão da população sobre sistemas fotovoltaicos. A área foi a responsável pela construção da Estação Solares (foto ao lado), primeira área de convivência da Ufes contendo tomadas para carregar celulares, notebooks e outros equipamentos eletrônicos por meio de energia solar. O espaço, inaugurado em 2019 no Centro de Artes do campus de Goiabeiras, é coletivo, 100% sustentável e ocupa uma área de 14,4 metros quadrados. “Atualmente, o time aprimora um protótipo de carrinho solar e desenvolveu um totem interativo e turístico que usa energia do sol para ser instalado em pontos estratégicos, visando incentivar o ecoturismo capixaba”, diz Gomes.

Um e-book contendo o passo a passo de como foi feita a construção da Estação Solares está disponível para download gratuito no site do projeto. Estação Solares: as built e manual técnico conta toda a história da concepção e instalação do projeto, apresentando os materiais necessários para replicação da estrutura em qualquer parte do mundo.

On Grid

Já a área On Grid estimula a instalação de sistemas ligados à rede elétrica. A equipe desenvolveu o aplicativo Solares On, ferramenta de orientação voltada para pessoas que desejam ter um sistema de energia solar em casa. O aplicativo ajuda a calcular e a fazer o dimensionamento do sistema que trará maior retorno financeiro, baseando-se no consumo energético e na área disponível para instalação. Solares On pode ser baixado aqui.

“A frente On Grid é responsável pelo planejamento elétrico com energia fotovoltaica do projeto Vovô Chiquinho, iniciativa localizada no bairro Central Carapina, na Serra, que acolhe crianças e adolescentes retirados das ruas”, relata a gerente da área e estudante de Engenharia Elétrica, Mariana Cascardo.

Solares Social

Sob gestão de outra estudante de Engenharia Elétrica, Eloisa Madalena, Solares Social é a área responsável pelas ações de impacto social e transformação comunitária. Em 2019, a equipe beneficiou mais de 1.200 crianças em oficinas realizadas em escolas de ensino fundamental e médio da Grande Vitória. Durante os encontros, foram construídos carrinhos movidos a energia solar, utilizando materiais recicláveis, e as temáticas foram abordadas de forma lúdica e interativa. “Hoje, estamos construindo uma rede de impacto que usa a metodologia aplicada para espalhar conhecimento solar pelo Brasil, de modo que as oficinas aplicadas nas escolas possam ser replicadas sem a necessidade da presença do time”, explica a gerente.

Barcos

A área dos Barcos de Competição desenvolve uma embarcação movida a energia solar, com o intuito de competir no Desafio Solar Brasil (DSB), rali anual de barcos movidos a radiação do sol. Em janeiro de 2020, a equipe conquistou o vice-campeonato no DSB realizado na cidade de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Antes, o Solares já havia conquistado o quarto lugar no ano de 2017, em Angra dos Reis (RJ), durante sua primeira participação como equipe competidora. O primeiro lugar veio em 2018, na cidade de Búzios (RJ).

O gerente da área, Pablo Dalvi, estudante de Engenharia Mecânica, destaca que a participação na competição implica o desenvolvimento de melhorias constantes, estudos, elaboração e execução de projetos, a fim de sempre inovar o barco, torná-lo mais eficiente e apto para a competição dentro do prazo previsto: “Nosso principal objetivo nesta área é aumentar a eficiência da embarcação, mas visando um propósito maior que é o desenvolvimento de tecnologias para viabilizar a aplicação das embarcações movidas a energia solar para outras aplicações, como o transporte de passageiros, por exemplo”.

Contribuição

As ações do Solares vinculam-se a pontos dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ODS/ONU), como o 4 (Educação de qualidade); o 7 (Energia limpa e acessível); o 9 (Indústria, inovação e infraestrutura); e o 11 (Cidades e comunidades sustentáveis).

Os ODS são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir paz e prosperidade às pessoas. “Essa vinculação contribui para a elevação dos níveis socioambientais e econômicos do Estado do Espírito Santo, bem como com a avaliação da Ufes”, diz a estudante de Engenharia Civil Rafaela Rigo, outra diretora geral do Solares.

Com o início da pandemia, o time Solares adaptou suas atividades. Durante o período de isolamento social, os estudantes criaram o podcast Solar Cast, no qual abordam temas relacionados à energia solar e outros assuntos ligados à ciência. Três programas já estão disponíveis, nos quais os interessados podem tirar dúvidas sobre peixes elétricos, entender mais sobre a construção da Estação Solares e saber detalhes da Guerra das Correntes, evento que definiu a maneira como a energia elétrica é usada atualmente.

O projeto também produz um blog, onde disponibiliza textos sobre as ações da equipe e energia solar. “Nesse momento de pandemia, nosso time teve que se adaptar e realizar suas atividades de maneira remota, mas sem perder o foco e a qualidade dos trabalhos”, finaliza o coordenador Fransergio Cunha.

Leia também:

Projeto propõe práticas pedagógicas para alunos de comunidades tradicionais
Projeto de extensão promove educação alimentar e nutricional no campus de Maruípe
Projeto de extensão promove saúde integral de adolescentes em Jesus de Nazareth
Projeto cria modelos de biscuit para auxiliar professores de Ciências e Biologia
Projeto de extensão cuida da saúde nutricional de idosos acolhidos em Alegre
Programa de extensão busca difundir e popularizar o saber científico entre estudantes
Projeto de extensão promove educação científica por meio de práticas experimentais
Projeto produz vídeos tutoriais para auxiliar educadores e estudantes no ensino remoto
Projeto promove aconselhamento em centro de testagem de ISTs em São Mateus
Projeto oferece atenção nutricional para mulheres dependentes químicas em Alegre
Projeto de extensão utiliza jogos lúdicos como instrumentos de ensino de Ciências e Biologia
Projeto de extensão apresenta a cultura do norte capixaba em enciclopédias
Projeto orienta sobre doação de leite materno durante a pandemia
Projeto de extensão divulga patrimônio geológico do único museu de história natural do ES
Ação extensionista auxilia na reabilitação de pacientes com sequelas de queimaduras
Projeto de extensão Brinquedoteca ajuda no processo de inclusão de crianças 
Projeto presta assistência à saúde mental para pessoas privadas de liberdade em São Mateus
Projeto de extensão oferece suporte de informática para beneficiários do auxílio emergencial
Cerca de 2 mil mães e crianças são atendidas em projeto que incentiva a amamentação
Programa de extensão promove empreendedorismo social para beneficiar comunidades capixabas
Pessoas com sobrepeso ou obesidade têm atendimento nutricional em projeto de extensão
Programa de extensão promove tratamento humanizado a pessoas com sofrimento psíquico
Projeto de extensão dá visibilidade às comunidades da Planície Costeira do Rio Doce
Projeto no Museu de Ciências da Vida orienta crianças e jovens sobre o uso de fármacos
 

Texto: Adriana Damasceno
Imagens: Divulgação do projeto (fotos tiradas antes da pandemia)
Edição: Thereza Marinho