Projeto de extensão promove educação científica por meio de práticas experimentais

08/07/2021 - 10:36  •  Atualizado 09/07/2021 18:32
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“A Experimentoteca é um laboratório científico que disponibiliza atividades formativas e material experimental, possibilitando um maior acesso de professores e estudantes à experimentação científica”. Assim a professora Viviana Corte define o projeto de extensão que coordena, o Experimentoteca pública: educação científica através de práticas experimentais. Atuando há 23 anos, a ação extensionista é uma das mais longevas e perenes dentre aquelas registradas no portal de projetos da Pró-Reitoria de Extensão (Proex).

Experimentoteca pública foi um dos 26 projetos finalistas da edição de 2020 do Prêmio de Mérito Extensionista Maria Filina e integra a série de reportagens sobre atividades de extensão que vai ao ar todas as quintas-feiras no portal da Ufes. Veja abaixo as reportagens já publicadas.

O projeto atua nos municípios da Grande Vitória (Serra, Cariacica, Vila Velha, Viana e Vitória) e também beneficia a população de cidades do interior do estado, como Santa Maria de Jetibá, Venda Nova do Imigrante e Aracruz, disponibilizando kits específicos que suprem, de maneira interdisciplinar, o currículo educacional das Ciências Naturais (Ciências, Física, Química e Biologia). As atividades experimentais adotam abordagem investigativa e estão focadas nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ODS/ONU).

O objetivo é contribuir para a qualificação de estudantes da educação básica e dos cursos de licenciatura, e de professores, visando auxiliar na transformação do ensino das ciências em algo investigativo, inovador, criativo e interdisciplinar. Viviana Corte destaca que, no ensino das Ciências Naturais, é conhecido o discurso de inaptidão dos alunos em internalizar conceitos das disciplinas, o que, segundo ela, se dá pela descontextualização dos fenômenos e experiências cotidianas. “Trazer a experimentação com abordagem investigativa para dentro da sala de aula tem potencialidade de desenvolver o protagonismo do estudante”, analisa.

Interação

A iniciativa do projeto surgiu em 1984, no Centro de Divulgação Científica e Cultural do campus de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), que tinha o objetivo de instrumentalizar a prática dos professores de ciências. De lá, a ideia se espalhou por diversas universidades brasileiras, chegando à Ufes em 1998. Desde então, a equipe do projeto (atualmente formada pela coordenadora Viviana Corte, do Departamento de Ciências Biológicas, pelo professor do Departamento de Química e subcoordenador Paulo Rogério Moura, e pela bolsista Ana Júlia Santos, estudante de Ciências Biológicas), desenvolve e disponibiliza material experimental, possibilitando aos participantes o acesso a um grande número de experimentos que visam tornar as aulas mais práticas e motivadoras, além de promover a autonomia dos sujeitos como participantes ativos e críticos na construção dos conhecimentos.

Para atingir os objetivos do projeto, os extensionistas montam experimentos reais (pequenos protótipos de geração e conjuntos experimentais e educativos) e virtuais (softwares e jogos educativos), que são utilizados em aulas demonstrativas ou experimentais, contando com a participação ativa do público-alvo. “As pessoas são permanentemente estimuladas a se envolver com satisfação no processo de aprendizagem, elaborando questões e respostas através do diálogo e da interatividade de comunicação”, enfatiza Viviana Corte.

Encontros

Além das aulas, são realizados cursos de qualificação para estudantes e professores, que incluem atividades práticas com foco no ensino por investigação orientado por problematização, sistematização e contextualização do conhecimento. De acordo com o subcoordenador, esses encontros buscam levar os participantes a estruturar atividades que despertem o pensamento científico (pensar) com a definição de um problema, levantamento de hipóteses, realização de práticas experimentais do tipo “mão na massa” (fazer) e verificação e validação dos resultados encontrados para a solução do problema apresentado.

“O curso tem o objetivo de garantir que o professor da educação básica envolva seus alunos na implementação de soluções inovadoras de ensino, que contribuam para o aprimoramento do aprendizado de ciências, alinhadas às premissas da BNCC e dos ODS previstos pela Agenda 2030”, diz Moura, referindo-se à Base Nacional Comum Curricular, documento que define o conjunto de aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver ao longo da educação básica.

Pandemia

No contexto da pandemia, a partir de março de 2020, o Experimentoteca passou a atuar exclusivamente de forma remota, atendendo a estudantes da educação básica com perfil de vulnerabilidade social. Os trabalhos tiveram continuidade por meio do Projeto de Iniciação Científica Júnior e a equipe contou com a parceria do Núcleo de Atendimento a Alunos com Altas Habilidades e Superdotação da Secretaria de Estado da Educação (NAAHs/Sedu).

Desde o ano passado, foram produzidos novos materiais didáticos para o crescimento do acervo e realizados encontros virtuais semanais com os estudantes, com filmagens, gravações e transmissões.

Os encontros foram realizados por videoconferência, contando com a participação de professores, monitores e especialistas em saúde e arte. As temáticas abordadas tinham como objetivo possibilitar a aquisição de conhecimentos científicos a respeito do novo coronavírus e a elaboração de materiais de divulgação científica. Ao longo das reuniões virtuais, os alunos puderam sanar suas dúvidas e trocar experiências. “O trabalho interdisciplinar realizado pelo projeto Experimentoteca, envolvendo biologia, química e artes, auxiliou na compreensão de fenômenos do dia a dia e no engajamento dos estudantes também em seu contexto social”, lembra Viviana Corte.

Alcance

Experimentoteca é desenvolvido em parceria com o Laboratório de Ensino de Biologia e com o Laboratório de Ensino de Química (ambos da Ufes) e está vinculado aos programas de extensão Ubuntu: educação científica para transformação social e Ensino de ciências em rede: pensar e fazer na escola. Dessa forma, o projeto alcança cientistas e estudantes da educação básica e da graduação, diretamente beneficiados pelas ações de extensão.

Viviana Corte destaca que a integração da comunidade acadêmica com a sociedade estabelece um elo universidade-escola, que valoriza a troca de conhecimentos, a contextualização e a implementação de soluções inovadoras que contribuam para aprimorar o ensino e o aprendizado de ciências: “O Experimentoteca é referência no desenvolvimento da educação científica no Espírito Santo. Tendo em vista a carência de cursos de formação continuada que realmente contribuam para a melhoria da qualidade do trabalho docente no Espírito Santo, a perspectiva interdisciplinar e dialógica, que integra ensino, pesquisa e extensão, coloca o projeto como importante canal de acolhimento, escuta e apoio pedagógico ao professor”.

Mais informações sobre o projeto de extensão Experimentoteca podem ser encontradas no site do Laboratório de Ensino de Biologia (LEB).

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Texto: Adriana Damasceno
Imagens: Divulgação do projeto
Edição: Thereza Marinho