Museu de Ciências da Vida apresenta peça inédita na América Latina

09/03/2020 - 19:32  •  Atualizado 11/03/2020 14:32
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O Museu de Ciências da Vida (MCV) da Ufes comemorou nesta segunda-feira, 9, dois anos de instalação no campus de Goiabeiras, apresentando peça inédita na América Latina: um corpo humano plastinado e fatiado, com todos os seus órgãos. As estruturas da peça, que leva o nome de Tomografia, pois expõe os cortes como no exame radiológico, são de um corpo do sexo masculino, de aproximadamente 1,65 m, idade aproximada de 60 anos. A peça tem cerca de quatro metros, pois há espaçamento entre os cortes.

A apresentação da peça, que a partir de então está disponível aos visitantes, aconteceu durante o primeiro dia do evento comemorativo de aniversário. O coordenador do Museu, Athelson Bittencourt, deu as boas-vindas aos presentes, agradecendo a toda a equipe que ajudou na consolidação do MCV como um importante instrumento de divulgação científica.

A pró-reitora de Extensão da Ufes, Tânia Delboni, que também representou a Reitoria no evento, destacou que o MCV “é um espaço de formação e produção de conhecimento”. Ela lembrou que os projetos desenvolvidos pelo Museu fazem uma importante interlocução entre a Universidade e a sociedade.

O diretor em exercício do Centro de Ciências da Saúde, Alfredo Feitosa, reiterou a integração dos pilares de sustentação da Universidade, o ensino, a pesquisa e a extensão, presentes nos projetos desenvolvidos pelo Museu.

Tomografia

Batizada de Tomografia, a peça apresentada é resultado de dois anos de trabalho e pesquisa usando a plastinação, técnica de conservação de corpos e tecidos biológicos na qual os fluidos de um cadáver são substituídas por silicone ou resina.

O técnico em Anatomia e Necropsia da Ufes e mestrando do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica, Yuri Monteiro, explicou as fases pelas quais passa o corpo: o primeiro passo é a fixação, para estabilização dos tecidos, quando o corpo fica mergulhado no formol. Em seguida, é coberto por espuma de expansão, depois é congelado, fatiado em máquina de corte, desidratado e levado à impregnação por silicone. A última etapa é chamada de cura, quando é usada uma substância para endurecer a peça.

A produção de um corpo humano inteiramente fatiado e plastinado é realizada em poucos países do mundo, como Alemanha, Espanha, Estados Unidos e China. Segundo o coordenador do Museu, que também é professor do Departamento de Morfologia da Ufes, a peça será importante para pesquisas e estudos na área de saúde, assim como outras já disponibilizadas pelo MCV.

Programação

Na manhã desta terça-feira, 10, a programação do evento comemorativo de aniversário do MCV continua no Cine Metrópolis com palestras, a partir das 9 horas, sobre os museus pelo mundo, trazendo experiências de espaços localizados em países como México, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, China, Itália, Espanha e França, e sobre a vivência de Bittencourt no Museu de Anatomia Veterinária da Universidade de Murcia, na Espanha. O último tema da manhã é A plastinação no Brasil e no mundo.

No período da tarde, a partir das 13h30, os participantes serão direcionados ao campus de Maruípe para realizar visita técnica ao Laboratório de Plastinação da Ufes. Lá, o grupo vai conhecer a estrutura laboratorial e o procedimento de plastinação, além de observar o processo de dissecção e preparação de espécimes humanos e veterinários.

Acervo

O acervo do Museu já conta com mais de 400 peças, como crânios, cérebros, uma perna e um feto de seis semanas, além de um esqueleto e corpos dissecados. Há também animais da fauna silvestre da Mata Atlântica que foram vítimas de atropelamento na Reserva de Sooretama, na BR 101, em Linhares, e agora estão plastinados e em exposição.

O MCV objetiva levar conhecimento científico para outros locais. “Pensamos em ter um acervo para realizar ações itinerantes não só no Espírito Santo, mas em todo o Brasil”, conta o professor Athelson Bittencout.

No balanço apresentado durante o evento nesta segunda-feira, desde 2018, o Museu já recebeu 33 mil visitantes, em sua maioria estudantes da rede pública e da Grande Vitória. Além dos bolsistas, 250 voluntários atuaram em projetos no Museu durante esses dois anos, sem contar os que também auxiliam no Laboratório de Plastinação, que funciona no campus de Maruípe.

Entre os projetos desenvolvidos pelo Museu, estão a exposição itinerante Diversidade dos Vertebrados, projeto Desenhando no Museu, projeto Orientação quanto ao uso de fármacos, e Projeto Caiman – sobre conservação de jacarés de papo amarelo. O MCV participou, ainda, da exposição A Alma do Mundo - Leonardo 500 anos, que aconteceu no espaço cultural da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.

Serviço

Para conhecer os trabalhos realizados pelo MCV, o público pode acessar o site www.mcv.ufes.br ou visitar o Museu de terça a sexta-feira, das 8h30 às 12 horas e das 14 horas às 17h30. Aos sábados, o atendimento acontece das 9 às 13 horas. Visitas de grupos e escolas (máximo de 35 pessoas) devem ser agendadas previamente por meio de inscrição no site http://www.mcv.ufes.br/agendamento


Texto e foto: Sueli de Freitas
Edição: Thereza Marinho