Festival Pint of Science promove bate-papo sobre ciência de dados nesta quinta, às 19h

16/07/2020 - 14:24  •  Atualizado 16/07/2020 21:22
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Vai ao ar, na noite desta quinta-feira, 16, mais uma edição do Pint Online, versão virtual do festival internacional Pint of Science. As convidadas são as pesquisadoras Mila Laranjeira e Vivi Mota (foto), que abordarão o tema da ciência de dados, fazendo uma análise dos dados no enfrentamento à pandemia da COVID-19 no Brasil. A conversa terá início às 19 horas, com transmissão ao vivo pelo canal do festival no YouTube.

A mestre Camila Laranjeira (Mila) e a doutora Virgínia Mota (Vivi) são pesquisadoras da área de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em um bate-papo de cerca de uma hora e trinta minutos, mediado pelo coordenador nacional do Pint of Science, Luiz Gustavo de Almeida, elas explicarão como a análise dos dados deve ser feita de forma responsável, de maneira a evitar que se chegue a conclusões falsas a partir de informações reais.

“É muito perigoso fazer um gráfico sem prestar atenção nas nuances, nas variáveis que estão presentes. Podemos cair em armadilhas se não fizermos a análise da forma correta”, afirma Vivi. Ela ressalta a existência de uso malicioso dos dados para corroborar uma ideia: “As pessoas usam dados para justificar uma visão de mundo que elas já têm. Elas pensam assim: ‘se os dados falarem o que eu quero, eles são certos’”.

Como exemplo do uso equivocado dos dados, Mila cita a curva da COVID-19 no Brasil, lembrando que, em nível nacional, a doença parece ter atingido o platô, mantendo um número elevado de mortes e novos casos diários. Isso, segundo ela, não reflete as condições locais: “O Amazonas, por exemplo, vê a curva descendente em suas fronteiras. Mais ao sul, o Paraná enfrenta um aumento perigoso do número de casos. Tem que analisar estado por estado”.

Origem

Considerado o maior evento mundial de divulgação científica em bares e restaurantes, o Pint of Science surgiu em 2013 na Inglaterra. Em 2020, ele seria realizado em 183 cidades brasileiras e contaria com a participação inédita de todas as capitais do Brasil, incluindo Vitória, que sedia o evento desde 2018. A organização local fica por conta do professor Laércio Ferracioli, que atualmente coordena o Ciência ao Vivo, programa da Ufes que divulga ciência, tecnologia, cultura e arte em lives semanais.

Devido às restrições de aglomeração, a atual edição do festival acontece de forma totalmente on-line, buscando seguir a missão de divulgar a ciência em um ano em que os cientistas não recomendam os encontros presenciais. “Em tempos de pandemia, não poderíamos deixar de continuar com as ações de divulgação da ciência. Retomamos o festival, agora nos alinhando às diretrizes sanitárias de ‘fique em casa’”, diz Ferracioli.

O coordenador nacional do Festival explica que a decisão de realizar o primeiro Pint of Science em versão on-line surgiu como forma de “mostrar a importância gigantesca de cientistas no enfrentamento ao vírus”. Ele também faz uma referência à participação da pesquisadora e professora do Departamento de Enfermagem da Ufes Ethel Maciel no evento ocorrido entre os dias 11 e 13 de maio. “A doutora Ethel Maciel representou a Ufes em um de nossos encontros virtuais, falando sobre a história das pandemias e como esses momentos eram retratados por artistas da época. Foi uma fala que contribuiu muito para que pessoas de fora do Espírito Santo conhecessem um pouco dos desafios de ser cientista por aí”, lembra Almeida, que é doutor em Microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP).

Segundo o coordenador, o objetivo do Pint of Science é tentar mostrar não só quais pesquisas são feitas, mas também por quem elas são feitas. “É diferente em todos os institutos de pesquisa e nosso festival só existe por conta de instituições que nos apoiam e de pessoas maravilhosas que dedicam tempo na organização dos eventos. Quando pudermos nos reunir em bares e restaurantes novamente, esperamos que a Ufes continue nos ajudando a fazer um brinde à ciência brasileira”, conclui.


Texto: Adriana Damasceno
Imagem: Divulgação
Edição: Thereza Marinho