Professor da Ufes coordena pesquisa inédita do Ministério da Saúde em Vitória

09/05/2013 - 09:59  •  Atualizado 13/05/2013 10:05
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Por Jorge Medina

Vitória foi a cidade escolhida pelo Ministério da Saúde (MS) para iniciar uma pesquisa, em nível nacional, que vai determinar o perfil de distribuição das principais doenças crônicas na população brasileira, como hipertensão, diabetes, obesidade, doença renal, entre outras. Os dados serão levantados juntamente com a Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios (Pnad), realizada periodicamente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ao todo, a coleta de dados será realizada em 25 mil adultos, maiores de 18 anos, distribuídos em cerca de 500 municípios. Serão incluídas pessoas de todas as regiões e que vivem em cidades e no campo. “Só assim será possível ter um perfil mais preciso da distribuição destas doenças na nossa população, dado importante para que os governos e a sociedade possam traçar metas mais rigorosas de controle destas doenças, motivo de preocupação crescente em todo o mundo”, ressalta o professor do Centro de Ciências da Saúde (CSS) da Ufes José Geraldo Mill, coordenador da pesquisa em Vitória.

Coletas de dados - A experiência de pesquisadores da Ufes ligados a esta área, desde a realização do Projeto Monica no ano 2000, influenciou na escolha de Vitória para sediar o estudo preliminar. “Monica” foi um projeto realizado em associação com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que produziu dados importantes sobre a distribuição de doenças e hábitos de vida da população de Vitória, constituindo referência para adoção de políticas públicas na área. O professor Mill também foi o investigador principal desse projeto.

Na próxima semana pesquisadores da Universidade percorrerão vinte comunidades de Vitória, escolhidos por sorteio, para identificação das pessoas que participarão desta pesquisa. Serão recrutados ao todo 360 indivíduos de ambos os sexos na faixa etária de 18 a 69 anos. A escolha será feita por meio de sorteio de domicílios. Os participantes deverão coletar urina, sangue e realizar exames clínicos e laboratoriais (pressão, eletrocardiograma e bioimpedância). Os exames de sangue serão realizados no Laboratório Tommasi e os demais na Clínica de Investigação Cardiovascular do CCS, em Maruípe, em frente ao Hospital Universitário. Os participantes da pesquisa receberão os resultados de todos os exames e também uma avaliação do risco de desenvolver doenças cardiovasculares.

O professor Mill enfatiza que pesquisas desta natureza são de extrema importância para o País. “Entretanto, só são possíveis havendo cooperação da população. A amostra precisa ser representativa da população como um todo, envolvendo indivíduos de ambos os sexos, de diferentes faixas etárias e nível socioeconômico, que trabalham fora ou em casa, e que já possuem ou não diagnóstico de alguma doença. É por isso que os indivíduos são escolhidos através de uma amostra domiciliar”, conclui o coordenador da pesquisa.

Doenças - Com o envelhecimento da população, as doenças crônicas passam a contribuir de forma crescente para as doenças e mortalidade. Recentemente o Brasil assinou um documento na Organização das Nações Unidas (ONU) com o compromisso de reduzir essas doenças em cerca de 20% até o ano de 2025. “Para tanto, há necessidade de se melhorar as estratégias de prevenção, incluindo a redução do consumo de sal, o aumento do número de pessoas que fazem atividade física regularmente e o estímulo à adoção de hábitos mais saudáveis de alimentação. Estas medidas são essenciais para reduzir a quantidade de hipertensos, diabéticos e obesos”, enfatiza Mill.