Com uma programação diversificada, que colocará em debate as práticas e os saberes sobre saúde no Brasil Colônia, as relações de gênero relacionadas à assistência ao longo da história e os personagens da Medicina oficial e da Medicina popular, o VII Colóquio de História das Doenças reunirá, na Ufes, pesquisadores de todo o Brasil a partir desta terça-feira, 22, no auditório do IC II, no campus de Goiabeiras.
O evento chega à sétima edição numa parceria das universidades federais do Espírito Santo, de Ouro Preto (Ufop) e de Minas Gerais (UFMG), e da Fiocruz. A Comissão Organizadora é formada pelo professor do Laboratório de História, Poder e Linguagens da Ufes Sebastião Pimentel, pela professora da Ufop/UFMG Anny Jackeline Silveira e pela professora da Fiocruz Dilene Nascimento. O evento vai até o dia 24 de outubro e informações sobre programação, inscrições, publicações e edições anteriores podem ser acessadas aqui.
Desastres
Na conferência de abertura, o debate vai girar em torno dos desastres ambientais e seus impactos na saúde. O professor Sebastião Pimentel lembra que grandes desastres ou acontecimentos têm impactos também na vida social. “As grandes epidemias – cólera, febre amarela, por exemplo – mudaram a concepção sobre a morte. Antes, os mortos eram reverenciados, depois passaram a ser indesejados. Mudou o rito do funeral”, exemplifica. O professor ressalta que, mais recentemente, após a tragédia de Mariana (MG), foram registrados impactos na saúde, pelo rio contaminado; de identidade das comunidades afetadas e também na economia local. “Discutir tudo isso é o objetivo dessa mesa”, afirmou.
O colóquio trará ao debate as relações de gênero relacionadas à saúde, como a origem social da enfermeira padrão, as reformas sociais e o feminismo, e a temática raça, escravidão e assistência à saúde.
A invisibilidade de personagens anônimos, do cotidiano, e os grandes nomes da ciência, como Carlos Chagas, é outro tema do evento. “A História demorou muito tempo a olhar para personagens comuns, a falar, por exemplo, da participação das mulheres na saúde. Quem domina o conhecimento sobre os remédios caseiros senão elas?”, questiona o professor.
Ele destaca mais dois temas em discussão no VII Colóquio: um deles diz respeito aos estigmas sociais relacionados às doenças em cada momento histórico, como o caso da hanseníase, quando os pacientes eram chamados de leprosos e viviam em hospitais isolados. “Há o estigma da loucura, dos pacientes de sífilis, da tuberculose e, mais recente, dos portadores de HIV”, lembra o professor. A segunda temática ressaltada são os conhecimentos dos boticários jesuítas e manuscritos históricos de Medicina e Farmácia no Brasil Colônia.
Texto: Sueli de Freitas
Edição: Thereza Marinho