Ufes concede título de Doutor Honoris Causa a Augusto Ruschi no sábado

09/12/2015 - 23:06  •  Atualizado 14/12/2015 10:54
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O naturalista capixaba Augusto Ruschi, reconhecido internacionalmente por sua elevada produção nas ciências da natureza, receberá, em memória, o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A entrega do título aos familiares do cientista será realizada no próximo sábado, 12, às 17 horas, em sessão solene do Conselho Universitário, presidida pelo reitor Reinaldo Centoducatte, na sede do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), na cidade de Santa Teresa. A concessão do título é parte das homenagens da Ufes ao centenário de nascimento de Augusto Ruschi, que faleceu em 1986 e que, neste sábado, completaria 100 anos.

O título de Doutor Honoris Causa foi concedido pelo Conselho Universitário no último dia 26, acolhendo proposta do reitor Reinaldo Centoducatte apresentada em 5 de agosto deste ano. Para homenagear o cientista, o reitor nomeou o Grupo de Trabalho Ruschi 100, coordenado pelo secretário de Cultura da Ufes, Rogério Borges. O título é atribuído a personalidades que tenham se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. O reitor considera que se trata de um reconhecimento da Ufes à vida, à obra e à memória do pesquisador capixaba, que se notabilizou internacionalmente pelos estudos que produziu sobre a fauna e a flora, especialmente sobre os colibris e a biodiversidade da Mata Atlântica, além de sua intensa militância em defesa do meio ambiente.

Em defesa do INMA

De acordo com o reitor Reinaldo Centoducatte, a solenidade de entrega do título de Doutor Honoris Causa ao cientista é também um ato em defesa do Instituto Nacional da Mata Atlântica, que é a nova denominação do Museu de Biologia Professor Mello Leitão, fundado por Ruschi em 1949. O museu era vinculado ao Ministério da Cultura até 2014, quando foi transferido para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Alegando redução de custos, alguns setores governamentais propõem a extinção do INMA e a sua incorporação a outro órgão. O reitor Reinaldo Centoducatte entende que, se isto ocorrer, o principal legado de Ruschi, com mais de seis décadas, perde sua autonomia, identidade e história, e considera ainda que a medida representará um retrocesso para a ciência e a tecnologia.

Vida e obra

Augusto Ruschi nasceu em 12 de dezembro de 1915 no município de Santa Teresa, e morreu em 3 de junho de 1986, em Vitória. O cientista classificou 80% das espécies brasileiras de colibris, catalogou mais de 600 espécies de orquídeas, além de identificar 50 novas, e estudou a vida das bromélias e dos morcegos. Pesquisou a fauna e a flora brasileiras, e ainda hoje é o principal autor de obras científicas sobre os beija-flores. Formou-se em Agronomia, em 1940, e em Direito, em 1950. Escreveu 22 livros, e seus trabalhos científicos constam em cerca de 500 publicações. Ruschi conquistou o reconhecimento da comunidade científica internacional, e sua obra o tornou uma referência entre pesquisadores de todos os continentes.

O cientista deixou cerca de 400 artigos científicos publicados; e idealizou e concebeu projetos para instituições zoológicas e botânicas de vários países. Seu trabalho ganhou repercussão em inúmeros veículos de comunicação do mundo, o que contribuiu fortemente para a popularização da ciência. Suas pesquisas resultaram em vasta e rica coleção de fotografias e desenhos científicos. Contribuiu ainda com importantes estudos para o combate a pragas na agricultura, e na implantação de diversas reservas ecológicas no país. Instalou duas instituições de pesquisa no Espírito Santo: o Museu de Biologia Professor Mello Leitão, transformado no INMA, e a Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi, em Aracruz.

 

Texto: Luiz Vital