Reitor abre Semana do Conhecimento no campus de Goiabeiras. Veja programação até sábado

16/10/2023 - 19:03  •  Atualizado 17/10/2023 16:58
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A Ufes está aberta para que a sociedade capixaba conheça suas diversas atividades de ensino, pesquisa e extensão, reunidas na Semana do Conhecimento 2023. A cerimônia oficial de abertura do evento aconteceu na manhã desta segunda-feira, 16, no Cine Metrópolis, campus de Goiabeiras, onde as tendas e outros espaços da Universidade abrigam uma vasta programação que segue até o dia 21 de outubro.

O evento ocorre em Maruípe no mesmo período. Já nos campi do interior do estado, as datas são diferentes: de 24 a 26 de outubro em São Mateus e de 6 a 10 de novembro em Alegre. Confira a programação completa no hotsite do evento.

A abertura oficial da Semana do Conhecimento contou com as presenças do reitor da Ufes, Paulo Vargas; da coordenadora do evento, Liliana Barros; e dos pró-reitores de Políticas Afirmativas e Assistência Estudantil (Propaes), Gustavo Forde; de Extensão (Proex), Renato Neto; de Graduação (Prograd), Claúdia Gontijo; e de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG), Valdemar Lacerda Jr. Em seguida, foi ministrada a palestra magna Democracia, direitos humanos e políticas de ações afirmativas, pela professora da Universidade de Brasília (UnB) Renísia Filice.

O reitor abriu seu discurso pontuando a nota máxima obtida pela Universidade em recente avaliação do Ministério da Educação (MEC), que examina a qualidade das atividades promovidas pelas universidades brasileiras. Pela primeira vez com nota 5, a Ufes apresenta aos futuros universitários, segundo Vargas, “a excelência do conhecimento produzido na nossa Universidade”.

“Temos apenas 20 universidades federais com o conceito 5 e a Ufes está entre elas”, afirmou o reitor. Segundo ele, além do conhecimento produzido, a Ufes tem se notabilizado pela diversidade de seus estudantes após a instituição da política de reserva de vagas. “Somos hoje uma instituição que se transformou e se tornou um importante meio de inclusão social e de promoção da cidadania”, disse.

Na mesma linha, o pró-reitor de Políticas Afirmativas e Assistência Estudantil, Gustavo Forde, disse que a inserção de estudantes negros e de camadas sociais mais vulneráveis na Ufes têm fortalecido o trabalho dos cursos e dos projetos desenvolvidos na Universidade. “Isso têm impactado positivamente linhas de pesquisa, projetos de extensão e, sobretudo, ampliado a perspectiva da ciência, da cultura e da tecnologia”, afirmou Forde.

À frente da comissão organizadora do evento, Liliana Barros aproveitou para render homenagens aos docentes da Ufes pelo Dia dos Professores, comemorado no último domingo, 15. “Uma feliz coincidência, que nos faz homenageá-los pela grande contribuição nessa jornada”, disse.

Descolonizar

Após os discursos de abertura, a professora Renísia Filice (foto), da Universidade de Brasília (UnB) proferiu a palestra magna Democracia, direitos humanos e políticas de ações afirmativas. Sua fala destacou, sobretudo, a preponderância de visões eurocentradas na produção acadêmica, apesar da mudança de perfil dos estudantes universitários, iniciada com a promulgação da Lei 12.711/2012, que reserva 50% das vagas nas universidades e instituições federais de ensino técnico de nível médio para pretos, pardos, indígenas, pessoas com deficiência e estudantes de escola pública. Segundo Filice, é preciso “descolonizar o currículo”.

“Estamos academicamente comprometidos com a reprodução daquilo que achamos que é, ou que nos disseram que é, o que é pior ainda. Paramos de refletir sobre quem somos, brasileiros e brasileiras”, disse. Para ela, as contribuições de pensadores negros, quilombolas e indígenas, por exemplo, são apagadas em favor de teorias importadas da Europa e dos Estados Unidos. “O mundo é mais do que falaram pra nós. Eles disseram que nós não existíamos, mas mentiram para nós. Temos que nos reencontrar conosco, com o Brasil.”

Sobre a “Lei de Cotas”, Filice destacou a luta do movimento negro desde os anos 1930, passando pelo Teatro Experimental do Negro, fundado pelo escritor Abdias do Nascimento, e outras conquistas até a promulgação da lei, em 2012. “É a maior política de democratização nas universidades e nos institutos. A lei foi uma revolução, mas há problemas”, apontou. Segundo ela, além de atuar no ingresso dos estudantes, as políticas públicas devem cuidar da permanência, numa perspectiva intersetorial, transversal e interseccional.

“As políticas de ações afirmativas são formas de correção da desigualdade. Mas são necessárias políticas públicas combinadas, considerando gênero, raça, classe e outros marcadores. Temos que perguntar de onde vêm os estudantes, quem eles são. Se o estudante tem filho e o outro não tem, isso tem impacto. Não temos mais apenas um segmento na universidade. Precisamos acolher pessoas em situação de rua que passaram no vestibular. Essas pessoas já existem. Se queremos falar de democracia no Brasil, temos que ter negro, indígena, pessoa com deficiência, LGBTQIAP+, população ribeirinha, mulher com filho. Tem que ter creche, sim”, disse.

Programação da Semana

Ainda nesta segunda, tem início a programação de debates da Jornada Integrada de Extensão e Cultura, organizada pela Proex, com mesa-redonda sobre o tema principal da mostra, Extensão Universitária e Desenvolvimento Sustentável: possibilidades e desafios. A partir desta terça-feira, 17, começam as exposições de projetos e atrações culturais na tenda da Jornada, localizada no estacionamento do Teatro Universitário. A Proex oferece, ainda, oficinas e minicursos na programação. Segundo o pró-reitor de Extensão, Renato Neto, os cursos receberam mais de 800 inscrições, número recorde no evento.

Começa também nesta terça-feira, 17, a Mostra de Profissões, evento dos mais concorridos na Semana do Conhecimento, que leva os futuros universitários para conhecer as instalações e atividades dos cursos de graduação. Após receber milhares de estudantes em 2022, a Mostra já registrou mais de 16 mil inscrições de 280 escolas do Espírito Santo neste ano. “É um momento em que a Universidade diz em alto e bom tom que está de portas abertas. Não durante uma semana, mas sempre”, disse a pró-reitora de Graduação, Cláudia Gontijo.

Na quarta-feira, 18, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) dá início à Jornada de Iniciação Científica, Inovação e Pós-Graduação, com a exposição dos projetos de pesquisa dos campi de Goiabeiras e Maruípe. Segundo o pró-reitor da PRPPG, Valdemar Lacerda, a Jornada “é um dos principais mecanismos de engajamento do ‘fluxo discente’”, que é o caminho linear dos estudantes que saem da graduação para o mestrado e o doutorado.

 

Texto e fotos: Leandro Reis
Edição: Thereza Marinho