João Luiz Calmon recebe título de professor emérito: “A universidade era um destino”

05/09/2023 - 17:10  •  Atualizado 06/09/2023 18:21
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A manhã desta terça-feira, 5, foi marcada por emoção e reverência à trajetória do professor João Luiz Calmon Nogueira da Gama. Conhecido por estudantes e colegas como professor Calmon, ele recebeu o título de professor emérito da Universidade das mãos do reitor da Ufes, Paulo Vargas, devido à relevância de sua atuação no ensino e na pesquisa durante os – até agora – 41 anos de carreira como docente do Centro Tecnológico (CT).

A outorga do título aconteceu em sessão solene especial do Conselho Universitário realizada no auditório da Biblioteca Central da Ufes. Estiveram presentes, além do reitor, o diretor do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Helder Mauad; o diretor do CT, Lorenzo Augusto Ruschi; pró-reitores, professores, técnicos administrativos e estudantes.

“A universidade é uma instituição milenar, constituída na forma de certos ritos e tradições. Hoje, embora a gente entenda que precise trazê-la para o século XXI, não podemos perder o respeito e a reverência pelas pessoas que fazem a universidade existir”, afirmou o reitor. “A trajetória do professor João Luiz Calmon deixa frutos duradouros para a Ufes, pois o seu trabalho vem contribuindo para a construção de uma universidade atenta aos interesses da sociedade e disposta a crescer sempre”.

Responsável pela proposta do título honorífico ao lado da professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo Cristina Engel, a professora do Departamento de Engenharia Civil Katia Bicalho falou sobre o valor da atuação no ensino e da produção científica de Calmon. “Seus estudos definiram todo um campo de investigações no Brasil e no exterior. O resultado do seu trabalho permanece e sua obra se complementa de forma inspiradora e inovadora em todos aqueles influenciados por suas pesquisas”, disse Bicalho.

Já Engel definiu o professor Calmon como o “engenheiro mais filósofo” que conheceu. “Suas reflexões e conceitos, associados à sabedoria, foram fundamentais para moldar mentes jovens e inspirar o amor pelo aprendizado. Também serviram para fazer com que alguns colegas, presos a ideias antigas e pouco flexíveis, parassem para pensar nas necessidades que a engenharia passou a demandar com a evolução dos tempos”, lembrou.

Trajetória

O professor Calmon se graduou em Engenharia Civil pela Ufes em 1978. Em seguida, durante as décadas de 1980 e 1990, cursou mestrado em Engenharia de Produção na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e doutorado em Engenharia Civil pela Universitat Politècnica de Catalunya (UPC). Já no início dos anos 2000, Calmon realizou um pós-doutorado no Instituto de Ciencias de la Construcción Eduardo Torroja (CSIC), em Madrid.

Apesar da formação de excelência, Calmon destacou o início de seus estudos ainda na infância, quando frequentava o grupo escolar Irmã Maria Horta (hoje Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Irmã Maria Horta), na Praia do Canto. “Tive professores e professoras espetaculares”, lembrou.

Nos anos 1970, quando ingressou na Ufes, Calmon também se deparou com muitos docentes que seriam seus exemplos na década seguinte, quando se tornaria professor da Universidade. “Eles fizeram o que Plutarco [filósofo grego] falou: ‘A mente do aluno não é um vaso para encher, mas uma fogueira para acender’. Os professores incendiaram a nossa cabeça. Um período muito bonito”, disse.

Calmon chegou a trabalhar como engenheiro civil, mas sempre soube que seu destino era a docência. “Havia uma necessidade de sobrevivência, por questões financeiras da família. Como engenheiro eu receberia um dinheiro mais rápido. Cheguei a trabalhar na construção da Terceira Ponte. Mas não teve jeito, acabei na universidade. Meu negócio era ciência, era pesquisa. A universidade era um destino”, lembrou. Professor titular do Departamento de Engenharia Civil desde 1982, ele se aposentou da função em 2017, mas segue como voluntário nas pós-graduações de Engenharia Civil e Engenharia Ambiental.

Segundo ele, as diretrizes de uma universidade devem se basear no termo que a designa – o latim universitas –, isto é, universalidade ou totalidade. “É preciso uma interação entre os diversos campos do conhecimento. E todos os campos têm obrigação de lutar por uma educação de qualidade e pela justiça social”, disse.

 

Texto e fotos: Leandro Reis
Edição: Thereza Marinho