Estudo sobre ecossistemas de estuários é publicado no Marine Pollution Bulettin

20/11/2017 - 16:15  •  Atualizado 22/11/2017 10:36
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O estudo dos impactos em ecossistemas de estuários após o desflorestamento de manguezais no Espírito Santo é o tema do artigo que o professor Ângelo Bernardino (Departamento de Oceanografia) e estudantes de pós-graduação do curso de Biologia Animal da Ufes publicaram no periódico internacional Marine Pollution Bulettin.

No artigo Mangrove clearing impacts on macrofaunal assemblages and benthic food webs in a tropical estuary os pesquisadores apresentam as análises de comunidades bentônicas em uma área que sofreu desmatamento de mangue e fizeram comparação com áreas de floresta nativa no estuário dos rios Piraquê-Açu-Mirim.

“Nós verificamos mudanças marcantes nas assembleias animais e perda de amplitude trófica na área que foi desmatada há mais de 20 anos. Essa perda de amplitude trófica mostra que os organismos encontrados em áreas impactadas usam recursos alimentares distintos dos organismos encontrados em áreas de floresta intacta. Tendo em vista que uma maior amplitude trófica normalmente implica em melhor utilização energética e que estas assembleias bentônicas são importantes fontes de alimento para cadeia alimentar estuariana, incluindo peixes e aves, nosso estudo sugere que áreas com maior perda de manguezal, seja por ação humana ou climática, pode ocorrer importantes perdas na cadeia trófica estuarina. O Brasil perde em média 21 mil hectares de florestas de mangue por ano, mas os impactos ecológicos desta perda são pouco investigados”, explica Ângelo.

Esses estudos, de acordo com o professor, estão sendo aprofundados no estuário Piraquê-Açu-Mirim através do Projeto de Pesquisa Ecológica em Longa Duração (PELD) Hábitats Costeiros do Espírito Santo, financiado pelo CNPq e Fapes. “Assim estamos acompanhando essas mudanças em áreas onde houve massiva mortandade de mangues por causa de eventos climáticos recentes”, acrescenta.

A Marine Pollution Bulettin é um periódico internacional de referência para estudos que avaliam impactos em ecossistemas marinhos e costeiros, e tem classificação Qualis A na Capes. “Ter um artigo nessa publicação referencia o trabalho realizado pelo grupo e também com participação de alunos da pós-graduação da Ufes, que vem trabalhando em projetos de alta qualidade. Esse estudo possivelmente irá ser um trabalho referência em nível nacional e internacional”, diz o professor.

O artigo pode ser acessado gratuitamente, pelos próximos 50 dias. Para isso basta acessar o endereço eletrônico https://authors.elsevier.com/a/1W2XU,ashmKr1


Texto: Letícia Nassar
Edição: Thereza Marinho