Encontro nacional sobre cultura reúne ministras, governador e autoridades públicas na Ufes

14/08/2023 - 19:39  •  Atualizado 15/08/2023 19:14
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O Teatro Universitário, no campus de Goiabeiras da Ufes, foi tomado pela cultura nesta segunda-feira, 14. Autoridades públicas e gestores culturais de todos os estados brasileiros participaram da abertura do I Encontro Nacional de Gestores da Cultura (ENGCult), que será realizado na Universidade até esta terça, 15, com palestras, debates, minicursos e atrações musicais.

O evento contou com as presenças do reitor da Ufes, Paulo Vargas; do vice-reitor, Roney Pignaton; do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande; do secretário da Cultura do Estado, Fabricio Noronha; do presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass; do senador Fabiano Contarato; do deputado federal Helder Salomão; da deputada federal Jack Rocha; da deputada estadual Iriny Lopes; da ministra da Cultura, Margareth Menezes; da ministra do Supremo Tribunal Federal Carmen Lúcia; e de outras autoridades.

Na foto, Margareth Menezes, Fabiano Contarato, Paulo Vargas, Carmen Lúcia, Renato Casagrande e Fabrício Noronha.

Antes da abertura oficial, o público que lotou o Teatro se emocionou com a performance das crianças e dos jovens do Instituto Serenata D’Favela, que tocaram, cantaram e dançaram músicas do cancioneiro nacional. Também houve apresentações da Banda de Congo Panela de Barro de Goiabeiras, que fez um cortejo na entrada do teatro, e do cantor Silva.

Anfitrião do evento, o reitor Paulo Vargas (foto, no púlpito) iniciou reconhecendo a atuação do Governo Lula na reconstrução das políticas públicas culturais no Brasil, “castigada duramente pelo governo anterior”, disse. Também destacou os investimentos na cultura do Espírito Santo, instrumentos “para impulsionar o desenvolvimento social e econômico do estado.” Por fim, salientou o papel da cultura na educação.

“Seja por meio de sua presença no currículo, seja pela influência nas abordagens de ensino-aprendizagem, a cultura tem o poder de ampliar os conhecimentos e criar novas perspectivas no conteúdo educacional. Isso porque, devido à sua característica transversal, a cultura atua no fomento da diversidade, da inclusão e do diálogo intercultural, permitindo que muitas vozes possam existir e coexistir”, afirmou Vargas.

Além do reitor, fizeram discursos na abertura o conselheiro representante do Conselho Nacional de Política Cultural Pai Geová D’Kavungo; a representante dos fóruns estaduais de gestores municipais de cultura e presidente do Fórum de Secretários e Dirigentes Municipais de Cultura do Estado do Espírito Santo, Renata Weixter; e o oficial de Projetos do Setor de Cultura na Representação da UNESCO no Brasil, Diogo Carvalho.

Oportunidade

Após a abertura, gestores culturais e figuras da vida pública do país foram convidados a debaterem o tema A transversalidade da Cultura como potência, na primeira mesa-redonda do ENGCult. Compuseram a mesa o secretário estadual Fabricio Noronha; a secretária municipal de Cultura de Belo Horizonte, Eliane Parreiras; o diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto; o presidente da Fundação Itaú, Eduardo Saron; e o diretor e chefe de Representação da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) no Brasil, Raphael Callou, além de Fabiano Contarato, Margareth Menezes e Renato Casagrande.

Para Fabricio Noronha, secretário de Cultura do Espírito Santo e presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura, o Brasil vive “um momento-chave na reestruturação das políticas culturais”. Ele citou as leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, responsáveis por fomento à cultura no país.

“Temos uma oportunidade histórica pela frente. Temos marcos legais importantes e inovadores, recursos financeiros como nunca e precisamos, agora, descer ao ‘Brasil profundo’, levar os conceitos, as práticas e as políticas para todos os cantos”, disse. “Estamos falando de política pública com impacto na vida do cidadão e da cidadã. A cultura como estratégia para ampliação de repertório, defesa da democracia, geração de trabalho e transformação dos territórios”, completou.

A ministra Margareth Menezes também saudou o novo momento vivido pela cultura no Brasil. “Temos que agarrar essa oportunidade de reconstruir o MinC [Ministério da Cultura] e o Sistema Nacional de Cultura e firmá-los como legado para as novas gerações”, disse ela.

“Na palavra ‘cultura’, se subtrairmos o ‘l’ e o ‘t’, temos ‘cura’. Nessa cura, os seres humanos são tocados por um universo invisível, mas palpável, intocável, mas real. Na prática, a cultura é um dos elementos de uma alquimia potente e infalível para transformar o ser humano e o ambiente em que ele vive. A cultura é magnética”, afirmou a ministra.

Segundo ela, o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo presidente Lula na última semana, servirá também para “reequilibrar os investimentos da cultura” no Brasil: “Vamos levar investimentos às comunidades que não possuem equipamentos de cultura robustos para dar vazão a toda criatividade e exercitar os direitos culturais.”

Nas fotos acima, a apresentações de crianças e jovens do Instituto Serenata D’Favela, e do cantor Silva.

Direito fundamental

Após a primeira mesa do evento, a ministra do STF Carmen Lúcia proferiu a palestra Garantia dos Direitos Culturais no atual contexto brasileiro. Entre as observações feitas na ocasião, a jurista discorreu sobre a “dignidade cultural como direito fundamental”.

“Todos nós, brasileiros, temos direito ao exercício da cultura como direito fundamental. Assim é porque a Constituição determina. Constituição não é proposta, não é sugestão, não é conselho. É lei”, disse. “A cultura é a tradução da alma de um povo. A cultura é o povo que faz, e ele não pede licença. Pode-se prender fisicamente uma pessoa, mas não se amordaça a alma.”

Para a ministra, não é necessário democratizar a cultura, pois “a cultura já é democrática por ela”. “É preciso ‘culturalizar’ a democracia e fazer da democracia deste país uma verdade”, propôs Carmen Lúcia. “É preciso que, numa cultura democrática, todo mundo seja capaz de exercer seus direitos a ponto de sedimentar um ‘sentimento constitucional democrático’, como se chama no direito. Quando a sociedade acredita nisso, ela é a própria barreira contra investidas autoritárias.”

Programação

O ENGCult segue nesta terça-feira em vários locais da Ufes, presencialmente para gestores de cultura, mas com transmissão on-line da programação. Os interessados devem inscrever no grupo de WhatsApp Sociedade Civil no ENGCult por meio deste link

 

Texto: Leandro Reis
Fotos: Leandro Rei e Ruth Reis
Edição: Thereza Marinho