Em artigo, pró-reitor analisa episódio de intolerância no CMEI Cida Barreto

17/08/2017 - 08:07  •  Atualizado 18/08/2017 11:02
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Nessa quarta-feira, 16 de agosto, o jornal “A Gazeta” publicou o artigo “Educação e diversidade: resistir é preciso!”, de autoria do pró-reitor de Assuntos Estudantis e Cidadania da Ufes, Gelson Junquilho. No texto, o professor analisa o episódio de intolerância ocorrido no CMEI Cida Barrreto. Confira abaixo a íntegra do artigo.

 

Educação e diversidade: resistir é preciso!

Indígenas massacrados, negros escravizados desde 1500. Caldo de cultura discriminatória e perversa, reproduzida por meio de algumas manifestações preconceituosas e sectárias. Reportagem recente de A Gazeta mostra a atitude desrespeitosa e anticristã de um pastor contra uma boneca afro do Cmei Cida Barreto, condenando-a como um “símbolo de outra religião”. Quanta barbárie e intolerância religiosa, tão apregoadas em nosso cotidiano e que, infelizmente, tantos males causam à humanidade.

Penso que o pastor não conheceu a nossa saudosa professora Dra. Cida Barreto, ex-Vice-Reitora da Ufes e que dá nome ao Centro Municipal de Ensino Infantil. Em vida, a professora Cida ajudou a formar diversos profissionais da educação que hoje atuam nas redes públicas de ensino no Estado. Sabia, como ninguém, praticar os conceitos de alteridade, auto-reflexividade e reflexividade crítica que, com muito respeito, não são conjugados pelo pastor.

Também é importante saber que a educação no Brasil é inclusiva e, nos dias de hoje, tem que tratar da diversidade a partir de várias lentes, sendo uma delas a História e Cultura Afro-Brasileira.  A intolerância ao que foi chamado de “símbolo de macumba”, na reportagem citada, é um ato racista e preconceituoso e, acima de tudo, anticristão. Satanizar História e Cultura como “objeto de adoração e macumba”, beira ao absurdo e incapacidade para pensar e respeitar o outro, em minha opinião, uma condição para nos dizermos religiosos.

Penso que o Cmei Professora Cida Barreto é que não cabe na Igreja do pastor. A boneca Abayomi deve resistir como símbolo de uma Cultura e provocar a construção de um espaço próprio e digno de uma educação infantil do século XXI. Sei que a educação do município de Vitória é administrada por uma profissional comprometida com uma educação de qualidade. Resistamos pois: #ForaintolerânciaporumnovoespaçodignodeCidaBarreto!

 

Gelson Silva Junquilho

É professor, pró-reitor de Assuntos Estudantis e Cidadania da Ufes e ex-secretário de Educação da Serra