Voluntários do projeto Elsa participarão de estudo para mapear DNA dos brasileiros

11/12/2019 - 17:42  •  Atualizado 17/12/2019 17:38
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Pessoas que participam do projeto Elsa (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto) – desenvolvido pela Ufes em parceria com as universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Bahia (UFBA), de Minas Gerais (UFMG) e de São Paulo (USP), além da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) – terão seu DNA analisado pelo projeto DNA do Brasil. Lançado nesta terça-feira, 10, o projeto pretende estudar o DNA de 3 mil indivíduos que já participam do Elsa, com o objetivo de mapear o material genético (genoma) dos brasileiros.  

A partir desse mapeamento, será possível pesquisar, prevenir e tratar doenças de forma mais eficaz para a população brasileira.

Segundo os pesquisadores que coordenam o DNA do Brasil, países como os Estados Unidos, a China e a Coreia do Sul já realizam pesquisas sobre a genética de suas populações, fazendo o sequenciamento do genoma de 1 milhão de habitantes. No Brasil, até o momento, não há estudos nesse sentido.

Professora da USP e uma das coordenadoras do novo projeto, Lygia Pereira afirma que, atualmente, quando é necessário fazer algum exame genético, os pesquisadores se baseiam no conhecimento feito com populações norte-americanas ou europeias: “O brasileiro é muito misturado. A gente não sabe se o que foi descoberto lá se aplica ao nosso DNA indígena, africano e europeu”.

Após a pesquisa, o cruzamento das informações genéticas e de saúde coletadas será realizado por uma empresa de tecnologia. O projeto vai contribuir para colocar o Brasil no Mapa Mundial do Estudo Genético das Populações.

Voluntários

O projeto Elsa é realizado desde 2008, sendo considerado o maior estudo epidemiológico já realizado na América Latina. Seu universo é composto por 15.105 voluntários em seis instituições públicas de ensino superior e pesquisa das regiões Nordeste, Sul e Sudeste do país. Desse total, 1.055 participantes são da Ufes. Eles são submetidos a vários exames e respondem questionários sobre hábitos de vida a cada três ou quatro anos. Entre os exames, estão eletrocardiogramas, ecocardiogramas, ultrassonografias, antropométricos, pressão arterial e coleta de sangue e urina. Além disso, todas as internações hospitalares dos participantes são monitoradas para identificar a origem dos eventos que levaram à internação.

A pesquisa visa esclarecer os determinantes de doenças crônicas na população brasileira, que são as que mais contribuem para a mortalidade, tanto no Brasil, como em todo o mundo. O objetivo é investigar a incidência e os fatores de risco dessas doenças na população brasileira, em particular as doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e renais, diabetes e os diversos tipos de câncer.  

Os participantes do projeto Elsa são acompanhados durante 25 anos. “No início do projeto, os voluntários tinham de 35 a 74 anos. Hoje, passados dez anos, estão com 45 a 84 anos. A idade vai sendo acompanhada ao longo do tempo para ver como os determinantes de saúde vão se modificando”, explica o coordenador do Elsa no Espírito Santo e professor do Departamento de Ciências Fisiológicas da Ufes, José Geraldo Mill.

 

Texto: Thereza Marinho, com colaboração de Jorge Medina