Ufes integra pesquisa internacional sobre tartarugas

25/05/2016 - 17:34  •  Atualizado 30/05/2016 15:59
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Mapear a rota migratória das populações de tartaruga-de-pente e atuar com mais precisão para evitar a extinção dessa espécie. Este é o objetivo da pesquisa internacional de caracterização genética desta tartaruga marinha, da qual participou a professora do Departamento de Ciências Biológicas da Ufes, Sarah Vargas, com mais 13 pesquisadores do Brasil, Austrália, Estados Unidos e Irã.

O estudo - realizado em 13 pontos de desova na Austrália, Irã, Ilhas Seychelles, Ilhas Salomão, Arábia Saudita, Arquipélago de Chagos e Malásia - analisou as variantes genéticas das populações, permitindo rastrear indivíduos com o mesmo padrão em qualquer parte do mundo.

Esses resultados estão na reportagem de capa da edição de maio da revista científica americana Journal of Heredity, publicada pela Oxford University Press para a Associação Americana de Genética. Sarah Vargas ficou seis meses, entre os anos de 2008 e 2009, organizando e processando as 492 amostras de DNA coletadas, extraídas de um pequeno pedaço das nadadeiras das tartarugas, no laboratório da conservacionista Nancy FitzSimmons, na Universidade de Canberra, na Austrália. Em 2015, ela voltou à Austrália para a análise dos dados no laboratório do professor Simon Ho, da Universidade de Sydney.

Desova

Segundo Vargas, grande parte das populações de tartaruga-de-pente, no Brasil, já tiveram suas variantes genéticas caracterizadas e seu maior ponto de desova é na Bahia.

“Elas também já foram analisadas no Caribe, algumas populações da África e nos Estados Unidos. Faltava caracteriza-las na região conhecida como Indo-Pacífico. Isso permitiu descobrir que alguns indivíduos que se alimentam em Fernando de Noronha, Abrolhos e Caribe são da mesma variante genética das Ilhas Seychelles e do Arquipélago de Chagos”, destacou ela.

Gigantes

Atualmente, Vargas está trabalhando, em parceria com o projeto Tamar, Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental e Instituto Tartarugas do Delta, na caracterização genética das tartarugas gigantes no Espírito Santo, no Piauí e em regiões de alimentação dessa espécie na costa brasileira.

“A Gigante está criticamente ameaçada e tem apenas um ponto de desova regular no Brasil, que está localizado na praia de Regência, aqui no estado. Estamos muito preocupados. Não sabemos quais serão os impactos da lama, que desceu pelo Rio Doce e atingiu o mar, sobre essa espécie. Além disso, temos uma outra grande preocupação: a pesca incidental, que é a principal causa de morte das tartarugas marinhas”.


Texto: Hélio Marchioni
Edição: Thereza Marinho