Relatos de violência e racismo marcam abertura de conferência mundial

27/09/2018 - 16:41  •  Atualizado 28/09/2018 17:08
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A abertura da 5ª Conferência Mundial sobre Combate às Desigualdades Econômicas, Raciais e Étnicas (5ª WCORREEI),realizada na noite desta quarta-feira, no Teatro Universitário, foi marcada por relatos de racismo e violência contra mulheres, negros e moradores de bairros da periferia.

De forma teatralizada, integrantes do grupo de estudos e pesquisas Erê- Ecoa representaram histórias reais de homens, mulheres e crianças que, seja por sua raça, credo, gênero ou condição social, vivenciaram situações de discriminação e violência. O assassinato do vigia carioca Rodrigo Serrano (baleado por policiais militares que confundiram o guarda-chuva que ele segurava com um fuzil), da vereadora Mariele Franco e de seu motorista Anderson Gomes também foram lembrados.

A solenidade de abertura contou com a presença do reitor Reinaldo Centoducatte; da reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia, Joana Angélica Guimarães da Luz; do presidente geral da 5ª Conferência Mundial e do Centro Roy Wilkins para Relações Humanas e Justiça Social da Universidade de Minnesota (EUA), Samuel Mayers Júnior; do prefeito do município de Cariacica, Geraldo Luzia de Oliveira Júnior; da representante do Instituto Internacional de Liderança de Mineápolis (EUA), a juíza Lajune Thomas Lange; da coordenadora do Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação da Ufes, Elisa Ferreira Bartollozzi; da coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Ufes e presidente da comissão organizadora da Conferência Mundial, Patrícia Gomes Rufino de Andrade; da coordenadora nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas e coordenadora estadual das Comunidades Quilombolas  do  Espírito Santo, Kátia dos Santos Penha; do presidente do Instituto Elimu Professor Cleber Maciel, Gilberto Batista Campos; do superintendente do Santander Universidades, Luiz Otávio Dos Reis Júnior; do diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo, Ildebrando Paranhos; e do cacique da Aldeia Palmeiras, de Aracruz, Nelson Carvalho.

Em seu discurso de boas-vindas aos participantes da conferência, o reitor Reinaldo Centoducatte destacou a importância do evento no cenário atual: “Apesar de já termos passado por vários processos de evolução civilizatória, ainda temos que conviver com discriminações sociais, econômicas, políticas, religiosas, étnico-raciais e de gênero. Isso é inconcebível. Vivemos em uma conjuntura de extrema intolerância, que promove o afastamento, ao invés de uma relação de fraternidade. É importante que daqui saiam encaminhamentos para que aqueles que fazem as gestões públicas possam transformá-las em políticas de inclusão e de combate à discriminação”.

O presidente geral da conferência, Samuel Mayers Júnior, afirmou que o principal objetivo do encontro é produzir resultados para combater as desigualdades econômicas, sociais e raciais, por meio de ideias e soluções.

Programação

A 5ª Conferência Mundial sobre Combate às Desigualdades Econômicas, Raciais e Étnicas segue no campus de Goiabeiras até o dia 29 de setembro com a realização de fóruns, palestras, seminários, rodas de discussões, oficinas e atividades culturais (veja a programação completa no site https://5wcorreei.com/programacao/ ). Delegações de cinco continentes participam do evento, que tem como objetivo propor, ampliar e reafirmar políticas públicas, ações e medidas que visam reduzir a desigualdade econômica e étnico-racial em diversos países.

A décima edição do Seminário Nacional #VidasNegrasImportam, realizado pelo Neab-Ufes, vai integrar as atividades da 5ª WCORREEI. De acordo com a professora Patrícia Rufino, a ideia é enriquecer a Conferência com olhares de pesquisadores a respeito das perspectivas sobre as demandas da população afro-brasileira.

“Vamos aproveitar a sinergia dos atores engajados nessa luta para aprofundar o debate sobre alguns dos temas mais caros para a população negra, que são os efeitos econômicos danosos dos planos econômicos e das reformas neoliberais praticadas nos países que vivenciaram a experiência da escravidão”, explica a professora.

 

Texto e foto: Thereza Marinho