Professora Cristina Engel é homenageada na Assembleia Legislativa

05/06/2018 - 18:25  •  Atualizado 20/06/2018 10:21
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A professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Ufes, Cristina Engel Alvarez,  será homenageada nesta quarta-feira, 6, na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), durante a sessão solene em tributo à Marinha do Brasil, que relembra a Batalha Naval do Riachuelo. A cerimônia ocorrerá no Plenário Dirceu Cardoso, às 19 horas, e é aberta ao público.

Cristina Engel estuda a arquitetura na Antártica e participa da reforma da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), atingida por um incêndio em fevereiro de 2012. Com a tragédia, 70% da base brasileira foi destruída e dois oficiais do exército morreram.

Dedicada a esta pesquisa há mais de 30 anos, desde o seu trabalho de conclusão de curso, Engel acompanha toda a reconstrução da base militar após o incêndio. Sua visita mais recente ao local foi no início deste ano (foto).

“Costumo dizer que minha vida é dividida no antes e depois do incêndio. Quando voltei à estação após a fatalidade, a base estava completamente coberta de neve, só as antenas estavam expostas. A cena era surreal, não tinha nenhuma pegada, nem os bichos estavam por lá. Não havia ruído, nem os cheiros da estação. Não tinha bicho, não tinha gente, não tinha nada”, relembra Engel. “Após a tragédia, a equipe voltou imediatamente para planejar a retirada dos destroços e a construção de uma estação provisória”, conta.

O retorno quase que imediato à estação se deu pelo fato de o Brasil ser um dos países signatários do Tratado Antártico (documento vigente desde 1961 que proíbe qualquer militarização do continente o reservando exclusivamente para atividades pacíficas como as pesquisas científicas), e ter atuação científica continuada no continente. “Assim que a estação provisória foi instalada, permitindo a nossa permanência e continuação de algumas pesquisas, demos seguimento ao planejamento para a construção da nova estação”, completa.

Obras

As obras na Estação Antártica Comandante Ferraz tiveram início em janeiro de 2017, após os processos de licitação da construção. Durante este meio tempo, a professora esteve no local diversas vezes para acompanhar o andamento das obras. “As edificações da nova estação estão caminhando bem. Estamos investindo, por exemplo, em um sistema inteligente de gerenciamento da energia chamado Smart Grid. Através de geradores eólicos conseguimos transformar a força do vento em energia; o calor emitido pelos equipamentos – como os incineradores, por exemplo –, também é aproveitado para o aquecimento dos ambientes; e tem ainda a energia produzida pelos geradores a diesel. O Smart Grid gerencia todas essas formas de energia de forma a tirar o melhor proveito de cada uma delas”, diz Engel.

Ainda de acordo com a pesquisadora, devido ao frio extremo e aos ventos que chegam facilmente a 100 km por hora, os trabalhos de reconstrução só são feitos entre os meses de novembro e março e estão previstos para serem concluídos no verão de 2019.

Regulador térmico

Estabelecida em 1984, a Estação Antártica Comandante Ferraz fica na Península Keller, no interior da Baía do Almirantado, Ilha Rei George, e foi criada para realização de estudos sobre o clima e o meio ambiente em geral. “Dependemos de uma boa previsão metereológica da Antártica para a agricultura aqui no Brasil, principalmente no sul do país. Ter acesso a esses dados é super importante em termos políticos e econômicos para o país”, destaca Cristina Engel.

Segundo a Marinha do Brasil, o continente é o principal regulador térmico da Terra. É ele também o medidor das condições climáticas e de vida em todo o planeta, já que controla as circulações atmosféricas e oceânicas. A estação funciona como um centro de pesquisa científica para técnicos, militares, civis e pesquisadores.

Pesquisas científicas em diversas áreas são realizadas na estação, como observação de fenômenos atmosféricos, inventário da fauna e flora local, monitoramento da qualidade do ar, entre outros estudos ligados à biologia, meteorologia, geofísica e outros campos. Os estudos, de alto nível, ajudam principalmente a compreender melhor as mudanças que o meio ambiente sofre atualmente.

 

Texto: Lorraine Paixão (estagiária de Comunicação), com a colaboração de Lidia Neves
Edição: Thereza Marinho