Pesquisadores da Ufes descrevem nova espécie de porco-espinho

19/08/2013 - 07:59  •  Atualizado 21/08/2013 08:39
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Por Ana Paula Vieira

Uma nova espécie de porco espinho, que chama a atenção pelos espinhos de pontas vermelhas e pela genética muito diferente dos ouriços já conhecidos, foi descrita por pesquisadores da Ufes e das universidades federais de Pernambuco (UFPE) e Rural de Pernambuco (UFRPE). Trata-se do Coendou speratus, um animal de cerca de 1,5 kg, encontrado em fragmentos de Mata Atlântica da região Nordeste.

A equipe da Ufes contribuiu descrevendo cientificamente as características morfológicas - como cor, tamanho dos espinhos, forma do corpo e do crânio -, e genéticas, relacionadas às diferenças no DNA da nova espécie.  As pesquisas foram feitas no Laboratório de Mastozoologia e Biogeografia (LaMaB) e no Núcleo de Genética Aplicada à Conservação da Biodiversidade (NGACB), do Departamento de Ciências Biológicas. Aalém do professor Yuri Leite, participam do estudo a professora Leonara Pires Costa e os estudantes de doutorado em Biologia Animal, Vilcacio Caldara Júnior e Ana Carolina Loss.

Para o professor Yuri Leite, a descoberta ajuda a consolidar a posição da Ufes como um dos principais centros de pesquisa em mamíferos do país e a divulgar o conhecimento científico produzido na Universidade. Ele ressalta que, em relação às técnicas utilizadas no estudo, a Ufes está em patamar de igualdade com as melhores universidades do mundo.  

Alerta – De acordo com Yuri, a descoberta revela o desconhecimento acerca da biodiversidade brasileira. “Em pleno século 21 ainda estamos descrevendo uma espécie de mamífero de médio porte até então desconhecida pela Ciência. Estamos destruindo a nossa biodiversidade sem nem sequer conhecê-la”, alertou o professor.

Ele explica que a Mata Atlântica é um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta e que a região Nordeste é a que tem pior estado de conservação. Portanto, segundo o professor, a nova espécie já nasce ameaçada de extinção: “Existem pouquíssimos remanescentes florestais onde essa e outras espécies da fauna e da flora podem se abrigar. Medidas que visem a sua conservação devem ser implantadas urgentemente, antes que o bioma desapareça”, afirmou o pesquisador.

O nome do novo porco-espinho reflete a preocupação da equipe: “Coendou é como se fosse um sobrenome, que todos os ouriços-cacheiros têm, mas o termo speratus quer dizer ‘esperança’ e representa a nossa esperança na conservação da Mata Atlântica e sua diversidade biológica, incluindo essa espécie”, explicou Yuri.