Pesquisadora da Ufes participará da primeira reunião da ONU sobre tuberculose

18/09/2018 - 18:22  •  Atualizado 20/09/2018 16:06
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A professora e pesquisadora da Ufes, Ethel Maciel, participará no dia 26 de setembro da primeira reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas que tratará sobre o combate à tuberculose (TB). A reunião, a ser realizada em Nova York, será um marco para a conscientização acerca do problema e pretende promover uma mobilização mundial, com o comprometimento dos governantes para a eliminação da doença até 2030.

A reunião na ONU terá como tema "Unidos para acabar com a tuberculose: uma resposta global urgente a uma epidemia global". O evento, normalmente restrito a chefes de Estado, desta vez contará com a participação de pesquisadores, entre eles a capixaba Ethel Maciel, que fará parte da delegação brasileira na reunião.

"Este evento é o mais importante em nível mundial e dele espera-se que seja firmada uma Declaração Política sobre Tuberculose, endossada pelos chefes de Estado, que fortalecerá a ação e os investimentos para eliminar a doença como problema de saúde pública até 2030, resultando na preservação de milhões de vidas", explica a pesquisadora, que desde 2016 integra o comitê técnico da Organização Mundial de Saúde (OMS) para auxiliar os países com elevados índices de tuberculose a combater a doença.

Segundo informações da ONU, 33 chefes de Estado e governo já  confirmaram presença à reunião (saiba mais em https://nacoesunidas.org/chefes-de-estado-se-reunem-pela-1a-vez-na-onu-para-debater-fim-da-tuberculose/ ).

Primeira causa de morte

A tuberculose (TB) é a primeira causa de morte entre as doenças infecciosas no mundo (superando a Aids), provocando o adoecimento de cerca de 10,4 milhões de pessoas em 2016. Além disso, a doença se apresenta também em uma versão resistente à medicação, a chamada "tuberculose droga resistente" (TB-DR), que é uma ameaça contínua com 600 mil casos novos com resistência à rifampicina (fármaco mais potente), dos quais 490 mil tinham "TB multirresistente" (TB-MDR). Entre os casos estimados de TB e de TB-DR, respectivamente, cerca de 49% e 60% ocorrem nos cinco países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Em 2017, a Organização Mundial de Saúde (OMS) promoveu na Rússia a primeira reunião interministerial na qual foi assinado um acordo para a eliminação da tuberculose. Nesta reunião, ministros da Saúde de diversos países priorizaram a criação de uma rede de pesquisa em tuberculose (rede TB) dos países que compõem o BRICS. Em novembro de 2017 a proposta foi oficializada em uma reunião no Brasil e foram indicados quatro membros de cada país compor a rede, sendo dois representantes do governo e dois da academia, sendo que a professora Ethel Maciel também compõe essa rede de pesquisa. A rede TB dos BRICS é uma inciativa de estado acordada na ONU e que envolve o Ministério da Saúde e o Ministério das Relações Internacionais dos países envolvidos.

Novo medicamento

A professora e pesquisadora Ethel Maciel, que também é vice-reitora da Ufes, é graduada em Enfermagem pela Ufes, com mestrado em Saúde Pública, doutorado em Saúde Coletiva/Epidemiologia e pós-doutorado em Epidemiologia pela Johns Hopkins University.

Além de integrar o comitê técnico da OMS que auxilia os países com elevados índices de tuberculose a combater a doença, ela também atua na coordenação da área de epidemiologia da Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose (Rede TB) é é atualmente a vice-presidente, organização não governamental que trabalha para o desenvolvimento de pesquisa e controle da tuberculose.

Em abril deste ano, Ethel Maciel apresentou ao Ministério da Saúde dois estudos que integram o Programa Nacional de Controle da Tuberculose. Um deles trata de uma nova forma de administração aos pacientes com tuberculose do medicamento isoniazida

Agora com 300 miligramas, essa nova dosagem permitirá a substituição de três comprimidos diários de 100 miligramas por apenas um comprimido de 300 miligramas. A nova formulação do medicamento é fruto de um estudo realizado por pesquisadores de vários estados, sob a coordenação da Ufes. A pesquisadora teve este mês a publicação de um importante artigo na revista The Lancet, uma das mais antigas e reconhecidas revistas médicas do mundo, (clique aqui para saber mais).

Outro estudo que será apresentado analisa o impacto dos programas governamentais no controle da tuberculose.

Em junho, ela participou da reunião Tuberculosis Network for BRICS, realizada na África do Sul para discutir projetos colaborativos a serem implementados nos próximos anos para a redução dos casos de tuberculose nos países que compõem o BRICS.


Texto: Thereza Marinho
Foto: ONU Brasil