Documentário traça perfil dos jovens mortos durante greve da PM no Estado

29/08/2018 - 17:23  •  Atualizado 06/09/2018 13:16
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O documentário Sem Saída - produzido pelo Grupo de Pesquisa Homo Sacer da Ufes, com apoio do Observatório da Mídia da Ufes, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES) e do Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra - aponta que 42 dos 48 jovens assassinados durante a greve da Polícia Militar (PM) do Espírito Santo, em fevereiro de 2017, são egressos do Sistema Socioeducativo do Estado. 

A produção, de 43 minutos, reflete a realidade das famílias marcadas pela dor da perda desses jovens e conta com depoimentos de representantes da Igreja Católica, pesquisadores, professores e militantes de direitos humanos. O Grupo de Pesquisa Homo Sacer se dedica ao estudo da socioeducação capixaba.

Assista ao documentário em https://youtu.be/dlQPcu3vK3c .

"A ideia do documentário surgiu depois que a Comissão de Direitos Humanos [da OAB-ES] compilou e analisou todo o banco de dados das vítimas de homicídio de fevereiro de 2017. A partir disso, fomos provocados pelo Grupo de Pesquisa Homo Sacer, da Ufes para fazermos o documentário”, disse a diretora de Direitos Humanos da OAB-ES, Verônica Bezerra, responsável pela pesquisa e pelo levantamento para o filme.

O professor da Ufes e coordenador do Grupo Homo Sacer, Paulo Velten, realizador do documentário, afirmou que a grande dificuldade do projeto foi localizar as famílias das vítimas. “As famílias fogem dos seus bairros de moradia com medo de serem as próximas vítimas. E o que nos chamou muita atenção ao produzir todo o material com foco no homicídio de jovens é que o Estado sabe exatamente onde estão esses jovens, mas opta por deixá-los nessas condições”.

A pesquisadora do Observatório da Mídia Marialina Antolini, responsável pela produção, destacou que o filme ajuda a fazer ecoar as vozes dos familiares das vítimas. “Decidimos ouvir os familiares que tiveram entes queridos assassinados em fevereiro para fazer ecoar essas vozes, porque muitas vezes só ouvimos a voz oficial.”

 

Texto: Lidia Neves, com informações da OAB-ES.
Edição: Thereza Marinho