Cientistas descobrem novo fóssil de réptil voador na China

12/09/2014 - 17:06  •  Atualizado 15/09/2014 17:20
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Uma equipe sino-brasileira de cientistas - entre eles a professora do Departamento de Biologia do Centro de Ciências Agrárias da Ufes, Taissa Rodrigues - acaba de publicar uma nova descoberta de um réptil alado (foto) procedente de rochas com cerca de 120 milhões de anos do nordeste da China. A nova espécie é baseada em dois indivíduos e foi batizada de Ikrandraco avatar, devido à sua semelhança com um animal alado fictício do filme Avatar, que possuía um crânio alongado e baixo, com uma grande crista óssea em sua mandíbula e nenhuma na cabeça. O Ikrandraco possuia dentes pequenos e provavelmente se alimentava de peixes.

Os dois exemplares que permitiram a identificação da nova espécie foram descobertos pelo cientista Xiaolin Wang e seus colegas e são provenientes da Formação Jiufotang, uma unidade geológica extremamente rica em fósseis e da qual são conhecidas várias outras espécies de pterossauros - algumas semelhantes às espécies encontradas no Brasil. Apesar destes répteis serem conhecidos de vários locais do mundo, seus fósseis são relativamente raros e esta unidade representa uma importante exceção, que tem permitido aos paleontólogos ter maior conhecimento acerca da biologia destes animais.

Formação

O Ikrandraco é um dos poucos répteis voadores conhecidos por mais de um indivíduo, sendo representado por dois esqueletos, contendo crânios, mandíbulas, algumas vértebras, e parte das asas. A principal diferença entre o Ikrandraco e outras espécies de pterossauros é seu crânio, bem mais baixo e alongado, e sua crista inferior, bem desenvolvida e que termina em uma estrutura óssea bem peculiar, em forma de gancho. Esta estrutura, nunca observada antes em nenhum animal, fez com que os paleontólogos acreditassem que ela servisse como uma âncora para tecidos moles. Devido à sua localização, abaixo do queixo, supõe-se que o Ikrandraco possuísse uma extensão de tecido mole que se assemelharia a uma bolsa gular, hoje em dia observada em animais tão distintos como avestruzes e pelicanos e que possui um papel de auxílio na alimentação.

Os pesquisadores ainda encontraram evidências de que a nova espécie caçasse de uma forma bem particular, voando baixo sobre o espelho d’água e arrebatando peixes ao visualizá-los, impulsionando a crista dentro d'água, semelhante - mas não igual - ao que faz hoje em dia o talha-mar. A bolsa gular da nova espécie chinesa poderia, assim, ajudar na pesca de vários animais de cada vez.

Por Thereza Marinho