Cientistas chineses e brasileiros divulgam nova descoberta sobre pterossauros

06/06/2014 - 17:29  •  Atualizado 10/06/2014 18:44
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Cientistas chineses e brasileiros – entre eles a professora do Departamento de Biologia do Centro de Ciências Agrárias (CCA), Taissa Rodrigues - publicaram nesta quinta-feira, 5, uma das mais importantes descobertas para o estudo dos pterossauros, répteis voadores que viveram no Mesozoico, há mais de 100 milhões de anos.

Os pterossauros, animais aparentados dos dinossauros, possuíam esqueletos leves e frágeis, e, portanto, a grande maioria dos seus fósseis é encontrada de modo achatado e incompleto. Além disso, a grande maioria de suas espécies é conhecida por apenas um ou poucos indivíduos, o que dificulta estudos sobre variações entre machos e fêmeas e as mudanças que ocorriam durante seu desenvolvimento.

A descoberta do novo gênero e espécie Hamipterus tianshanensis vem abrir uma importante exceção. Este réptil foi descoberto na Bacia de Turpan-Hami, na cidade de Hami, na província de Xinjiang, no extremo noroeste da China. Diferentemente do caso com a maioria dos outros pterossauros conhecidos, os cientistas puderam escavar cerca de quarenta indivíduos, incluindo jovens, adultos, fêmeas e machos, preservados tridimensionalmente, com envergaduras variando entre 1,5 e 3,5 metros.

Ovos

Além dos restos esqueléticos destes répteis, os cientistas descobriram ao menos cinco ovos (foto). Até então, apenas quatro ovos de pterossauros eram conhecidos, todos eles extremamente achatados. Os ovos de Hamipterus, por outro lado, são preservados tridimensionalmente. Análises de espectroscopia de raios X por dispersão em energia, feita sob microscopia de varredura, demonstram claramente que o Hamipterus punha ovos de casca maleável, mas com uma fina camada externa calcária mais rígida, similares a algumas serpentes atuais. Deste modo, os ovos fossilizados do Hamipterus apresentam-se um pouco amassados e com finas rachaduras em sua parte mais externa, mas se encontram intactos, não quebrados. Isso aumenta as chances de encontrar embriões em seu interior.

O encontro deste espetacular depósito fossilífero demonstra que estes répteis voadores eram animais de comportamento gregário e que possuíam locais específicos de nidificação, formando colônias. Provavelmente, Hamipterus enterrava seus ovos às margens de lagoas e rios, o que evitaria que eles se desidratassem. O depósito escavado é testemunha de um episódio catastrófico, em que uma tempestade que culminou em soterrar os ovos, juntamente com esqueletos de animais que já estavam mortos, preservando esta população de modo excepcional.

Cristas

O Hamipterus demonstra que tanto indivíduos adultos como jovens possuíam cristas na parte anterior a média de seu crânio, e que, à medida que cresciam, a principal mudança que ocorria em seus ossos era uma maior robustez e largura do focinho, demonstrando que mesmo os indivíduos jovens possuíam estes adornos. A nova espécie também comprova que tanto machos como fêmeas possuíam cristas, diferentemente do imaginado antes, que elas seriam exclusivas de machos. Em Hamipterus, os machos tinham tamanhos maiores e suas cristas, de acordo, também eram maiores e mais robustas. Já as fêmeas eram menores e com cristas menores do que as dos machos, mas ainda assim conspícuas e bem desenvolvidas. Acredita-se que as cristas possuíam várias funções, dentre elas a identificação interespecífica.