50 anos do Golpe Militar: placa em homenagem a Castello Branco é substituída

01/04/2014 - 18:18  •  Atualizado 03/04/2014 17:44
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Por Thereza Marinho, com foto de Thaiana Gomes (*)

O reitor Reinaldo Centoducatte e a vice-reitora Ethel Maciel realizaram nesta terça-feira, dia 1º, a substituição da placa em homenagem ao marechal Humberto Castello Branco, afixada na sala de sessões dos Conselhos Superiores da Ufes, por uma placa em homenagem aos membros da comunidade universitária que atuaram em defesa das liberdades democráticas durante a ditadura militar no Brasil. 

A substituição da placa atendeu a uma recomendação da Comissão da Verdade da Ufes, criada em março de 2013 com a função de recuperar relatos, documentos e fatos históricos do período da ditadura militar na Ufes. Nela estava registrada a concessão do título de doutor honoris causa (o primeiro concedido pela Universidade) ao marechal Castello Branco em 17 de novembro de 1964.

A solenidade foi realizada às 11 horas contou com a presença do coordenador da Comissão da Verdade da Ufes, Pedro Ernesto Fagundes; do deputado estadual Cláudio Vereza; do representante da Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos da Prefeitura de Vitória, Placidino Gomes; do presidente do Sindicato dos Servidores do Judiciário, Max Mauro Filho; do desembargador José Carlos Risk; do diretor geral da Agência Estadual de Serviços Públicos de Energia, Luiz Fernando Schettino; de representantes do Movimento Estudantil Popular Revolucionário; e de ex-alunos da Universidade que sofreram durante a ditadura, como Laura Coutinho, Angela Milanez, Vitor Buaiz e Iran Caetano.    

A retirada da placa em homenagem ao ex-presidente Castello Branco foi realizada pelas ex-alunas Laura Coutinho e Angela Milanez. A placa foi entregue à Comissão da Verdade da Ufes será colocada posteriormente no museu a ser construído na Universidade. 

“É um momento muito representativo para nós. A iniciativa da Universidade tem um valor simbólico, principalmente para aqueles que lutaram por uma sociedade mais justa e mais igualitária”, afirmou Laura Coutinho.

“Só quem viveu na ditadura sabe o que passou. Esse momento é de muita responsabilidade, para que nossos filhos e nossos netos não conheçam a ditadura”, completou Angela Milanez.

Recomendação

O coordenador da Comissão da Verdade da Ufes, Pedro Ernesto Fagundes, explicou que a recomendação encaminhada à Reitoria se deu porque a Ufes foi o espaço que mais resistiu à ditadura e, por isso, o espaço que mais sofreu com a repressão política.

“A ditadura fez uma intervenção na Universidade, que perdeu sua autonomia. Essa placa não representa a universidade nos dias de hoje. Ela não poderia mais ficar neste espaço, que é um espaço onde se respeita a democracia”, ressaltou.

Posse simbólica

Durante a solenidade, foi realizada uma posse simbólica do reitor Manoel Xavier Paes Barreto Filho, empossado em 1963 e exonerado logo após o golpe militar, em abril de 1964. Ele foi representado por seu filho, Marcelo Paes Barreto.

“Para nós é inadmissível o conjunto de ações opressoras que se implantaram nesse País. Vamos resgatar e recuperar o que era de direito ao reitor da Universidade naquela época. Com este ato, queremos repudiar todos os atos de repressão e homenagear todos os que lutaram pela democracia. A Universidade hoje está cumprindo o seu papel de lutar pela liberdade e para que todos possam tenham oportunidades”, destacou o reitor.

Confira na matéria da TV Ufes como foi a solenidade: https://www.youtube.com/watch?v=DuRxJ5EM_UQ

(*) Bolsista de projeto de Comunicação, supervisionada por Thereza Marinho